– Se não trabalhar, a maioria aqui não vai ter o que comer no final da semana.
A frase da presidente da Associação de Catadoras de Materiais Recicláveis Santíssima Trindade, Líria dos Santos, 26 anos, não é força de expressão. E, desde o final da noite de segunda-feira virou um pesadelo para ela e outras 19 famílias que tiram o seu sustento do material separado no galpão de reciclagem na Vila Nova Dique, Bairro Rubem Berta, Zona Norte de Porto Alegre.
Eram por volta das 22h de segunda quando o vigilante que cuida o local correu dali. Ele não teria o que fazer. Pelo menos quatro homens supostamente usando galões de gasolina invadiram o galpão e atearam fogo. Em poucos minutos, o material que havia começado a ser separado na segunda-feira estava perdido, além da estrutura de pelo menos três mesas de separação, das bombonas usadas para armazenar os materiais já limpos e, o que é pior, o fogo destruiu a maior parte da fiação que mantém o funcionamento das prensas. É a partir delas que a associação consegue preparar o material para a venda.
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As paredes, já frágeis, e as telhas do galpão também foram seriamente danificadas. A perda do trabalho nesta semana já é uma certeza. A cada semana, as famílias conseguem ganhar apenas R$ 70, em média. E é o que garante as compras.
– O sustento dos meus quatro netos, duas filhas e dois sobrinhos que eu crio sai todo daqui. Como eu vou ficar agora? Eu não entendo porque fizeram uma maldade dessas – desabafa Eliziane Terezinha da Silva, 38 anos, que há sete trabalha na reciclagem.
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