A vida do idoso de 65 anos suspeito de matar um homem de 44 na noite de sábado, no bairro São José, na região centro-leste de Santa Maria, nunca mais será a mesma. O empresário, que trabalha desde jovem como ferreiro, diz que teve de tomar medicamento para conseguir dormir e, agora, convive com o medo. Ele alega que atirou contra Eron da Silva Nascimento por legítima defesa. A Polícia Civil, inicialmente, tratava o caso como homicídio doloso, quando há a intenção de matar. No entanto, durante a investigação, o caso passou a ser tratado como legítima defesa. Na tarde desta segunda-feira, o suspeito dos disparos se apresentou na Delegacia Especializada em Homicídios e Desaparecidos e foi ouvido pelo delegado Gabriel Zanella, que comanda as investigações.
A morte de Nascimento aconteceu por volta das 21h de sábado. O idoso conta que viu a maçaneta da porta de casa ser forçada. Então, pegou o revólver calibre 38 e foi até a sua ferraria, que está em construção, a menos de dois metros da casa. Quando entrou, foi atacado e derrubado pelo invasor. Enquanto o ferreiro estava caído, Nascimento tentou fugir pela janela e, nesse momento, foi baleado. O homem ainda conseguiu percorrer alguns metros até cair morto. Essa foi a versão apresentada na delegacia.
– Foi terrível. Ele me derrubou para me demolir, era uma montanha. Aí, eu caí, e quando ele foi pular a janela, atirei nele. Se eu não faço isso, não sei o que poderia acontecer. Hoje, fiquei sabendo que encontraram um canivete com ele – relata.
Evangélico fervoroso, o idoso diz que não queria ter matado Nascimento. Ele afirma ainda que tem medo que alguma vingança possa acontecer.
– Estou muito triste. Não queria isso para a minha vida. Nunca imaginei que isso aconteceria comigo. Peço a Deus que nunca mais aconteça. É uma vida, não queria ter feito isso. Somos a semelhança de Deus. Como vou tirar a vida de uma pessoa? Agora, fica o medo, o receio, mas Deus está no controle de tudo. Nada vai acontecer – lamenta.
O ferreiro acrescenta ainda que o bairro, onde mora há quase 45 anos, que antes era calmo, tem ficado violento. Ele relata que pelo menos três estabelecimentos comerciais foram assaltados nos últimos meses. Apesar de ser legítima defesa, que não se configura crime, esse é o 39º homicídio do ano em Santa Maria.