O comandante do 1º Regimento de Polícia Montada (1º RPMon), Gedeon Pinto da Silva, disse, na manhã desta sexta-feira, que os policiais militares envolvidos em uma confusão com estudantes na noite de quinta-feira, na Avenida Presidente Vargas, em Santa Maria, reagiram quando foram atacados. Segundo ele, os manifestantes arremessaram pedras contra os policiais.
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Ainda conforme Gedeon, oito policiais do 2º Batalhão de Operações Especiais (2º BOE), com duas viaturas, acompanhavam a manifestação dos estudantes na Praça Saldanha Marinho, no Centro, desde às 18h, sem que houvesse problema algum. Os manifestantes saíram da praça e se dirigiram para o Largo da Locomotiva, com acompanhamento da polícia, para garantir a segurança deles.
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Gedeon disse acreditar que os policiais agiram de forma correta, mas garantiu que qualquer excesso vai ser apurado e que todas as providências cabíveis serão tomadas.
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– A Brigada agiu com energia, mas dentro da legalidade. As pedras partiram dos manifestantes. Não sabemos se eram ligados às escolas e se eram estudantes. Qualquer excesso será apurado com tranquilidade e transparência e encaminhado à Justiça Militar – afirma Gedeon.
O problema todo teria começado quando os manifestantes tentaram trancar o trânsito a partir da esquina da Rua Visconde de Pelotas com a Avenida Presidente Vargas, por volta das 20h30min. Nesse momento, conforme o comandante, os policiais do BOE solicitaram apoio do 1º RPMon.
Ainda de acordo com Gedeon, quando tentavam retirar os manifestantes da via, já que a interrupção em um horário de pico prejudicaria o trânsito, os policiais teriam sido agredidos com pedradas.
Nove manifestantes foram levados à Delegacia de Polícia de Pronto-Atendimento (DPPA), onde houve novo tumulto. Estudantes ficaram feridos e foram levados para unidades de saúde da cidade (o número de pessoas machucadas ainda não foi confirmado). O confronto também deixou cinco policiais ficaram feridos.
Leitores do Diário e ouvintes da Rádio Gaúcha entraram em contato com a redação e afirmaram que os policiais agiram com truculência. A tia de um estudante, que está internado no Pronto-Atendimento (PA) do bairro Patronato afirma que o jovem de 22 anos foi agredido pelos PMs.
– Ele me contou que estava junto de um grupo de uns 10 estudantes. A Brigada se aproximou deles, e eles tentaram correr para se abrigar no Cilon. Aí, a Brigada chegou, algemou eles e levou para a UPA. Meu sobrinho disse que, em uma pecinha, do lado da UPA, eles apanharam. Ele acabou desmaiando e veio inconsciente para cá (PA do Patronato). Por volta das 2h, ele acordou e queria saber onde estava e a razão de estar aqui. Agora, ele não diz coisa com coisa e vai passar por uma tomografia. Está com o rosto todo machucado e com a cabeça cortada – conta a mulher de 49 anos, que pediu para não ser identificada.
Um morador da região conta que a forma como houve o conflito causou estranheza em quem acompanhava a manifestação, como funcionários e clientes de um posto de combustíveis e de uma academia do entorno.
– Tudo ia muito tranquilo, até um manifestante agredir um policial com um pedaço de pau. Eram poucos policiais até então, mas daí vieram viatura de todos os lados. E, mesmo após a agressão, não houve excesso algum por parte da BM. Os policiais tentavam impedir que os manifestantes invadissem o colégio, porque eles socavam as portas. Agora, se houve agressão lá dentro, eu não sei. O que mais nos assustou foram os gritos de "guerra civil, guerra civil". Isso revoltou um monte de gente, porque está claro o cunho político dessa manifestação. Mesmo de longe, dá para ver que, entre esses que se dizem estudantes, tinha gente manipulada e gente manipuladora – declarou o homem que pediu para não ser identificado.
A delegada Luiza Souza, titular da Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA) e responsável pela investigação, contou ao Diário que só teve acesso à ocorrência policial na manhã desta sexta-feira. Quando tiver se inteirado do caso, ela irá se manifestar sobre quais serão os primeiros passos da investigação.