Seja na base governista ou na oposição, os parlamentares catarinenses não têm dúvidas sobre uma questão: a permanência de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) à frente da Câmara dos Deputados era insustentável e a renúncia dele, oficializada nesta quinta-feira, abre caminho para que a pauta do Congresso ganhe ritmo.
Eduardo Cunha renuncia à presidência da Câmara dos Deputados
"Sou pré-candidato à sucessão de Cunha", afirma Esperidião Amin
Líder do PMDB em Santa Catarina, o deputado federal Mauro Mariani diz que a saída de Cunha era esperada e que a sucessão será complicada e provavelmente sem consenso. Ele avalia que as costuras políticas para eleger o novo presidente da Casa vão levar em conta também o próximo mandato, para o período de 2017 a 2018.
– A renúncia do Cunha vira uma página e é um gesto saudável para a Câmara, que estava sangrando há muito tempo. Teoricamente, o substituto dele teria que ser do PMDB porque tem uma regra que os principais partidos precisam estar representados na Mesa Diretora da Casa. O único espaço que o PMDB tinha era a presidência, então teoricamente essa vaga é do partido – pondera.
Já o deputado federal Décio Lima (PT), um dos principais nomes catarinenses de oposição ao governo, analisa que a renúncia de Eduardo Cunha é uma vitória por viabilizar o resgate da credibilidade da Câmara. Porém, o parlamentar afirma que a saída do agora ex-presidente da Casa faz parte de um engenharia política para o prosseguimento do impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff, o que é classificado como golpe pelo petista.
– Essa renúncia foi construída com Michel Temer, com quem o Cunha se reuniu na última semana. É uma trama pela continuidade: renuncia, mas preserva o mandato do Cunha e elege um presidente que ele queira. O problema são os tentáculos dessa grande bancada chamada Eduardo Cunha, que é a maior da Câmara. É um cenário lamentável que esperamos desconstruir – declara.
Próximo de Temer, senador Dário Berger espera pauta destravada no Congresso
Próximo de Michel Temer e um dos homens fortes do PMDB junto ao governo federal, o senador catarinense Dário Berger considera que a decisão de Cunha, embora tardia, dará um alívio à pauta do Congresso. A expectativa é de que medidas importantes na tentativa de amenizar a crise política e econômica sejam votadas com mais agilidade.
– A Câmara agonizava há meses, não participando desse novo momento histórico do Brasil para votar questões importantes. Seria muito bom para o governo que o próximo presidente da Câmara fosse sereno, equilibrado. Precisamos de racionalidade e comprometimento nessa transição, porque ou salvamos o Brasil agora, ou viveremos uma crise ainda pior – opina.