Ainda que não tenham levado o carro, a intenção dos bandidos era de roubar o veículo da família da estudante Sara Votto Tótaro, 22 anos, vítima de latrocínio na noite de quinta-feira, na zona sul de Porto Alegre.
O caso conjuga uma triste coincidência que vem castigando os porto-alegrenses. O roubo de veículo e o latrocínio são os crimes que mais crescem na Capital – respectivamente 36,6% e 38,4%, na comparação entre 2014 e 2015.
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Porto Alegre chegou a essa condição por uma conjugação de fatores resultantes, em parte, da crise econômica. Assim como no Estado, há cada vez menos policiais nas ruas, e mais bandidos à solta. O número de PMs vem em queda livre. No ano passado atingiu o menor contingente em três décadas e nenhum soldado foi contratado. Ao mesmo tempo, cerca de 2,1 mil deixaram a corporação, a maioria por aposentadoria descontente com a política de incentivo do governo do Estado para permanecer na tropa.
Com recursos cada vez mais escassos, a BM diminuiu o ritmo de operações. Em 2015, despencaram as fiscalizações de carros e a de prisões, comparadas, respectivamente, a 2007 e a 2009. Em contrapartida, cerca de 5 mil condenados por assaltos, tráfico e homicídios foram mandados para casa, cumprindo prisão domiciliar por falta de vagas em albergues do regime semiaberto _ uma das fontes de incentivo à criminalidade.
Em fevereiro, a Secretaria de Segurança Pública (SSP) apresentou como prinicipal projeto de repressão à criminalidade o combate a desmanches ilegais para tentar frear os roubos e furtos de veículos, e, por consequência, delitos conexos como o latrocínio. Mas ainda são desconhecidos os efeitos dessa ofensiva. Às vésperas de terminar o primeiro semestre, números oficiais da criminalidade em 2016 ainda não foram divulgados pela Secretaria de Segurança Pública (SSP).
Números da violência
Roubo de veículos
Os roubos de carros cresceram no Estado 31,8%, em 2015, é o mais alto índice dos crimes divulgados pela Secretaria de Segurança Pública. Em Porto Alegre, o índice é ainda pior, 36,6%, e na cidade acontecem mais da metade dos casos no Rio Grande do Sul.
2014
Rio Grande do Sul – 13.760
Porto Alegre – 6.938
2015
Rio Grande do Sul – 18.142
Porto Alegre – 9.480
Latrocínios
Enquanto no Estado, os latrocínios se mostram estáveis, com redução de um caso, é o crime que mais cresce em Porto Alegre, 38,4%.
2014
Rio Grande do Sul – 141
Porto Alegre – 26
2015
Rio Grande do Sul – 140
Porto Alegre – 36