Professores ligados ao Cpers deixaram o Centro Administrativo Fernando Ferrari (Caff), em Porto Alegre, na manhã desta sexta-feira, após quatro dias de ocupação. A decisão foi anunciada por volta das 8h30min.
Conforme a presidente do sindicato, Helenir Aguiar Schürer, a desocupação foi motivada pela garantia, por parte do governo do Estado, de uma reunião nesta sexta-feira do comando de greve com os secretários Luís Antônio Alcoba de Freitas (Educação) e Carlos Búrigo (Secretaria-Geral de Governo), além do líder do governo na Assembleia Legislativa, deputado Gabriel Souza (PMDB).
– Estamos fazendo, mais uma vez, um gesto em busca do diálogo, onde fomos incansáveis. Aguardamos que o governo realmente venha discutir para avançarmos na nossa pauta – afirma Helenir.
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As reivindicações dos professores dizem respeito a reajustes no piso nacional do magistério que não foram repassados aos docentes gaúchos e a retirada em definitivo do PL 44/2016 (interpretada como uma tentativa do Piratini de privatizar serviços públicos), entre outros pontos.
– Queremos reforçar a questão da importância da nossa ocupação, que foi uma luta que escolhemos fazer de forma radicalizada, com muita identidade com a luta dos nossos estudantes – ressalta Rejane de Oliveira, presidente da entidade por duas gestões e integrante do comando de greve. – Não vamos admitir nenhum tipo de criminalização com os estudantes e com os educadores que lutaram e ocuparam escolas e espaços públicos – acrescenta.
Também integrante do comando de greve, Neiva Lazzarotto afirma que não há uma ilusão de que o governo atenda a todas as demandas da categoria, mas acha "impossível" que o Executivo não avance. A professora ainda relaciona as mobilizações dos secundaristas com a do sindicato:
– Consideramos que tanto a ocupação dos estudantes quanto a greve da educação são expressão de uma crise da educação pública.
A direção do Cpers deixou claro que, nesta sexta-feira, se encerrou a ocupação do Centro Administrativo, mas não a greve. Helenir frisa que o prédio está sendo entregue da mesma forma em que estava quando foi ocupado – ela conta que a manutenção dos banheiros, no entanto, ficou prejudicada porque "no segundo dia, foi cortada a água". A presidente do Cpers diz que a desocupação não está relacionada à decisão da 3ª Vara da Fazenda Pública do Foro Central, que determinou a desocupação sob pena de multa diária de R$ 50 mil.