O Sindicato dos Municipários de Porto Alegre (Simpa) aceitou a proposta da prefeitura e encerrou as manifestações em frente ao prédio da Secretaria de Saúde, no Centro, e da estação de transbordo de lixo, na Lomba do Pinheiro, realizadas nesta segunda-feira. Os atos foram interrompidos temporariamente até a reunião entre o comando de greve e a prefeitura marcada para as 9h30min desta terça-feira na Câmara de Vereadores. Uma das exigências do Executivo para a realização do encontro era de que não houvesse bloqueios nos prédios públicos.
– A gente está com uma expectativa muito boa de que o governo irá nos apresentar uma proposta que atenda a categoria. Acreditamos que haverá mudança na proposta apresentada até agora – disse o integrante do comando de greve e coordenador do Conselho de Representantes do Simpa, João Ezequiel da Silva.
Desde o início da manhã, manifestantes bloquearam a entrada de parte dos funcionários que trabalham na Secretaria de Saúde. Simultaneamente, um grupo de servidores municipais bloqueou a estação de transbordo de lixo de Porto Alegre, impedindo o acesso dos caminhões de lixo que realizam o roteiro de coletas.
Sem o ingresso, os caminhões não tinham onde descarregar a carga e retomar a coleta. A intenção da categoria era chamar atenção do governo para abertura das negociações.
– Vamos ver o que irão nos apresentar. Se for de nosso agrado, podemos terminar a greve – complementou Ezequiel da Silva.
O prefeito de Porto Alegre, José Fortunati, criticou as manifestações desta segunda-feira e reafirmou que somente negociará com a categoria se nenhum prédio público for bloqueado.
– Lamento que medidas que acabam prejudicando a população estejam sendo tomadas. Tivemos bloqueio da Fasc, que prejudicou a distribuição de alimentos para as crianças em situação de risco. Tivemos o bloqueio do transbordo da Lomba, que causou problemas no recolhimento do lixo. Tivemos, hoje (segunda-feira) pela manhã, bloqueio da Secretaria Municipal de Saúde, que acabou transtornando a regulação de leitos. Isso é um absurdo, porque atinge as pessoas que mais precisam do serviço público. Enquanto esses bloqueios estiverem acontecendo, naturalmente nós não sentaremos em torno de uma mesa para continuarmos negociando.
Conforme o Simpa, cerca de 70% dos servidores aderiram à paralisação, sendo os setores mais afetados os da educação, assistência social, saúde e limpeza urbana.
Os servidores pedem reajuste salarial, com reposição integral da inflação de 9,28%, correspondente ao Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), retroativo à 1º de maio. Também reivindicam que o governo reconheça o percentual de 9,44% de perdas decorrentes do reajuste parcelado da inflação, feito em 2015, e aumente o valor do vale-alimentação para R$ 25.
A greve foi decretada após a categoria não aceitar as propostas iniciais apresentadas pela prefeitura, o que teria prejudicado o avanço nas negociações. Uma reunião entre a prefeitura e o Simpa chegou a ser marcada para o dia 15 de junho mas, conforme o sindicato, foi cancelada pelo governo.
Governo alega falta de recursos
O secretário da Administração de Porto Alegre, Paulo Guimarães, nega que o governo tenha cancelado a última reunião e afirma que a prefeitura nunca se recusou a receber representantes do Simpa para negociar:
– O prefeito inclusive formou um Comitê de Política Salarial em fevereiro para discutir essas questões com o sindicato. Estamos abertos a negociar, já fizemos propostas à categoria e, desde o início do ano, nos reunimos 11 vezes com o sindicato.
Guimarães destaca, entretanto, que a contraproposta do Simpa – de que os pagamentos sejam concluídos ainda durante o ano de 2016 – é inviável, uma vez que o governo não dispõe de recursos suficientes.
– Se pagarmos tudo neste ano, como o Simpa quer, corremos o risco de não conseguir pagar o 13º salário dos servidores, pois a cada mês está caindo a receita do Estado. Podemos negociar, mas não podemos ser irresponsáveis com o dinheiro público – explicou o secretário.
O que os municipários pedem
Em contraproposta, o Simpa exige que os pagamentos do reajuste salarial, com reposição integral da inflação de 9,28%, corresponde ao Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), retroativo à 1º de maio, sejam realizados em parcelas a serem quitadas até o final do ano. Além disso, a categoria reivindica que o governo reconheça o percentual de 9,44% de perdas decorrentes do reajuste parcelado da inflação, feito em 2015, e aumente o valor do vale-alimentação para R$ 25.
O que a prefeitura oferece
Na primeira oferta do Executivo, o parcelamento se daria com o pagamento de 2% em outubro de 2016, 3,60%, em dezembro de 2016, e 3,41%, em março de 2017. A segunda, apresentada no último dia 14 de junho, antecipou os prazos e percentuais, que obedeceriam ao seguinte calendário: 1%, em maio de 2016, 2%, em outubro de 2016, 2,60%, em dezembro de 2016, e 3,39%, em janeiro de 2017.