A rejeição dos municipários à nova proposta encaminhada pela prefeitura de Porto Alegre para encerrar a greve da categoria resultou em um recuo do governo municipal, que dá as negociações como "zeradas" a partir de agora. Nesta quinta-feira, em entrevista coletiva, o prefeito José Fortunati ressaltou que o Paço chegou a um limite financeiro na alternativa apresentada aos servidores. Mais cedo, os funcionários decidiram rechaçar a oferta do município, que propôs três cenários diferentes para o pagamento parcelado da reposição salarial de 9,28%.
– A Secretaria da Fazenda não consegue me dar garantias de que teremos recursos para o pagamento integral dos salários até o fim do ano. Hoje, temos 17 Estados brasileiros e mais de 500 municípios que parcelam salários. Esse é um sombreamento que está em cima de Porto Alegre – afirmou o prefeito.
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Para justificar a impossibilidade de melhorar a oferta – os municipários querem que um percentual maior da reposição seja pago de maneira retroativa –, Fortunati citou dados a respeito da queda da arrecadação com impostos e nos repasses por parte do Estado e da União. A prefeitura calcula que as perdas cheguem a R$ 108 milhões no período de um ano. O prefeito confirmou que a folha de pagamento do funcionalismo, que foi rodada na quarta-feira, já inclui o corte no ponto daqueles que aderiram à paralisação. As promoções, que haviam sido acordadas durante a negociação, foram zeradas. Fortunati ressaltou ainda que a prefeitura obteve decisão judicial que impede os grevistas de voltar a bloquear a entrada de prédios públicos.
– A imensa maioria dos servidores está trabalhando e compreende o momento difícil que estamos passando. Infelizmente, por uma pequena margem, decidiu-se por manter a greve. Há um pequeno grupo que não compreende que não estamos dando aumento maior por falta de vontade política nossa.
O Sindicato dos Municipários (Simpa) ainda vai avaliar as repercussões da manifestação do prefeito, mas pretende retomar a negociação nos próximos dias. Após a assembleia, que foi realizada durante a manhã, um grupo de servidores marchou em direção à prefeitura e fez protesto pedindo diálogo com o governo.
– Se a gente pegar o histórico da greve, não havia nenhuma proposta até quarta-feira. Só ocorreu proposta porque ocupamos a Câmara. As três propostas são insuficientes. Em todas elas existem perdas para os servidores. Parte do comando queria aceitar uma das propostas, mas a maioria da categoria, que é soberana, decidiu de outra maneira e terá o nosso apoio. Vamos intensificar a greve – diz o integrante do comando de greve João Ezequiel.
As propostas de reajuste da prefeitura
O governo municipal apresentou três cenários para o pagamento da reposição inflacionária de 9,28%. Confira:
Cenário 1
– 1% retroativo a maio de 2016
– 8,2% em dezembro de 2016
Cenário 2
– 1% retroativo a maio de 2016
– 2% em outubro de 2016
– 4% em dezembro de 2016
– 2% em janeiro de 2017
Cenário 3
– 1,2% retroativo a maio de 2016
– 2% em outubro de 2016
– 4,2% em dezembro de 2016
– 1,6% em janeiro de 2017