Um confusão entre alunos e professores no Instituto Estadual de Educação Cristóvão de Mendoza, em Caxias do Sul, terminou na delegacia na manhã desta quinta-feira. A Brigada Militar (BM) foi acionada e conduziu quatorze estudantes _ dois eram maiores de idade _ e 10 professores para prestar depoimento. Os docentes registraram ocorrência por ameaça e desacato contra os alunos, que seriam os mesmos que participaram da ocupação do colégio entre os dias 19 de maio e 24 de junho.
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Segundo a diretora, Fabiana Simonaggio, a confusão começou depois que parte dos alunos não retornou para a aula depois do intervalo do turno da manhã. Eles queriam realizar uma reunião para tratar sobre eleições para o grêmio estudantil e teriam enfrentado e desacatado os docentes. A Brigada Militar (BM) foi solicitada por volta de 10h30min para tentar controlar o tumulto, ocorrido no saguão principal do colégio.
– Eles querem fazer reuniões quando eles querem, como eles querem, onde eles querem. A escola tem que manter as regras ou vai virar baderna – aponta a diretora.
Um dos alunos, participante do grupo que promoveu a ocupação do Cristóvão e que estava entre os envolvidos no tumulto da manhã desta quinta-feira, relata que houve violência aos estudantes por parte dos policiais.
– Nós fomos chamados na sala dos professores, onde estavam os policiais e os professores, que nos acusavam de estar fazendo "palhaçada". Fui algemado porque questionei quando pediram pra eu tirar o boné, falaram que havia desacatado, mas não fiz isso. Estou com os braços machucados. Quando pediram para a gente sair em fila até as viaturas, um ainda disse: "façam piuí" (alusão ao apito de um trem). Só tiraram as algemas quando meu advogado chegou na delegacia – diz o estudante.
De acordo com o supervisor de serviço da BM em Caxias do Sul, capitão Constante, houve desacato por parte do adolescente, que tentou agredir um policial. Por isso foi necessário o uso das algemas, de acordo com a técnica amparada por lei.
– Os policiais foram chamados para amenizar a situação e estavam tentando conversar. Esse aluno se negou a ficar na sala (dos professores) e empurrou o policial, perguntando quem ele era para lhe dar ordem (de que permanecesse). Sobre a condução dos alunos até a viatura, foi amigável e não houve nenhuma situação vexatória – afirma Constante.
Segundo o delegado plantonista, Caio Márcio Fernandes, todos os jovens seriam ouvidos ao longo do dia, além dos professores. Os jovens menores de idade seriam liberados acompanhados dos pais. O caso deve ser encaminhado à Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA).