O fechamento de estradas e avenidas pelo país nesta terça-feira, em protesto pelo possível afastamento da presidente Dilma Rousseff, é uma pequena amostra do que deve ocorrer nas próximas semanas, enquanto o Senado julga o processo de impeachment. Grupos ligados à esquerda e à direita prometem manter a mobilização para pressionar os parlamentares até o último ato.
Responsáveis pela programação do "Dia Nacional de Luta contra o Golpe", que somou protestos em todo o país desde o início do dia da terça-feira, a Frente Brasil Popular, que reúne mais de 60 entidades, e a Frente Brasil sem Medo pretendem ficar em vígila durante o período em que a situação de Dilma estiver sendo avaliada no Senado.
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Presidente da Central Única dos Trabalhadores no Estado (CUT-RS), Claudir Nespolo avalia que a admissão do processo e o afastamento da mandatária é certo, mas ressalta que a oposição ainda não tem todos os votos necessários para tirar a presidente do cargo definitivamente.
– Vamos reunir os movimentos sociais para definir nosso cronograma. Mas vamos ocupar as ruas para denunciar este golpe contra a democracia. Não vamos abrir mão dos avanços sociais – disse Nespolo.
Cedenir Oliveira, diretor estadual do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST-RS), que faz parte da Frente Brasil Popular, avaliou como positiva a mobilização de ontem, e não descarta novos bloqueios nos próximos dias.
– É uma forma de chamar a atenção da população para o que está acontecendo. Não há novas manifestações programadas por enquanto. Mas não vamos ficar parados. Vamos ocupar os espaços públicos – afirma.
Oposição aposta em movimento "orgânico"
Organizador dos atos a favor do impeachment em Porto Alegre, o Movimento Brasil Livre (MBL) se reúne nesta quarta-feira no Parcão a partir das 18h para acompanhar a votação no Senado. Diferentemente de abril, quando colocou três telões na Avenida Goethe para que o público assistisse a sessão da Câmara, desta vez a aposta será em um movimento mais "orgânico", sem a criação de eventos via Facebook, como feito nas outras vezes, conta a coordenadora do MBL no Rio Grande do Sul, Paula Cassol. A mudança ocorreu devido ao rito da votação, em que cada parlamentar terá até 15 minutos para se manifestar, fazendo com que a sessão possa durar mais de 20 horas.
– Nossa estratégia durante o período de julgamento é realizar um o corpo a corpo com parlamentares. Em vez de protestar obstruindo avenidas, vamos incentivar a população a mandar mensagens para os senadores, telefonar, conversar com assessores. É uma pressão muito mais efetiva – afirma.