Na companhia do advogado Jader Marques, o dono do Audi A5 que provocou o atropelamento de um casal durante um suposto racha, na madrugada do último sábado, se apresentou à polícia na tarde desta segunda-feira. Thiago Brentano, 39 anos, é proprietário de uma produtora de vídeo e, segundo seu defensor, não confirmou à polícia se era ele quem dirigia o carro no momento do acidente, pois usou o direito de permanecer em silêncio.
– Ele não quis prestar declaração. Se mostrou bastante abalado com o acontecimento e disse que vai falar só em juízo – afirmou o delegado Carlo Butarelli.
O advogado e seu cliente chegaram por volta das 14h45min na Delegacia de Trânsito, junto ao Palácio da Polícia, e saíram sem falar com a imprensa menos de 20 minutos depois. Segundo Marques, o dono do Audi "entregou todos os documentos e se colocou à disposição do delegado, mas só vai prestar depoimento ao juiz".
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O caso é investigado pela polícia como lesão corporal culposa (sem intenção), com pena de detenção de dois meses a um ano, com agravante de fuga do local, além de possíveis racha e embriaguez, questões que o inquérito ainda vai apurar.
Antes do acidente, a investigação aponta que o motorista do Audi estava em uma casa noturna localizada na Rua Silva Jardim. A polícia conseguiu imagens de monitoramento de sete empresas localizadas entre a boate e o local do acidente, o cruzamento da Rua 24 de Outubro com a Avenida Goethe.
– Vamos analisar as imagens para ver se realmente houve racha, se o segundo carro que aparece nas imagens (um Camaro) estava participando, ou se apenas o Audi está envolvido no acidente – afirma o delegado.
Segundo ele, o Camaro ainda não foi identificado. Peritos devem usar um programa especializado para tentar aproximar as imagens e tentar identificar a placa. Ao Instituto Geral de Perícias o delegado também requisitou que seja feita uma estimativa da velocidade em que os carros estavam, já que não há nenhum radar na região. O cálculo aproximado pode ser feito com a distância e o tempo percorrido no trecho do vídeo.
Outro exame que vai ajudar na investigação é o papiloscópico, que vai comparar as digitais presentes no volante e no câmbio do Audi com as de Brentano. Butarelli ainda confirmou que o proprietário está com a CNH suspensa e que, se for comprovado que ele era o motorista, o inquérito será remetido ao Detran, que pode abrir um processo de cassação da carteira de habilitação dele.
Na terça-feira de tarde, o passageiro do Audi deve ser ouvido na Delegacia de Trânsito. Considerado uma "testemunha chave", o homem, de identidade não divulgada, ficou ferido no acidente e permaneceu dentro do veículo, enquanto o motorista fugiu a pé. Ele foi atendido em um hospital e confirmou à polícia que vai prestar depoimento.
– Ele está na condição de testemunha, não de acusado, por isso tem o dever de falar e de falar a verdade – afirmou Butarelli.
Outras testemunhas já foram ouvidas, incluindo o motorista do táxi em que o Audi colidiu. Conforme o delegado, ele confirma que o veículo vinha em alta velocidade, mas não conseguiu reconhecer o condutor.
Outros depoimentos importantes serão os das vítimas, mas estes ainda não têm data marcada. Rafaela Cruz Perrone, 24 anos, segue internada no Centro de Terapia Intensiva (CTI) do Hospital Moinhos de Vento. O namorado dela, Thomaz Atillio Coletti, 25 anos, foi liberado do Hospital Cristo Redentor ainda no sábado pela manhã. O casal passeava com o cachorro quando foi atropelado na calçada do Parcão.