O quarto de Clotilde Saldanha dos Santos, 73 anos, está do jeito que ela deixou quando saiu de casa pela última vez, há mais de dois meses. O lençol da cama bem esticado, os sapatos organizados, alguns produtos de higiene e beleza em cima da cômoda, mas, em vez da idosa, quem habita o local é o vazio. A casa fica na Rua Florianópolis, no bairro Parque Pinheiro Machado, região oeste de Santa Maria. Clotilde está desaparecida, e seu irmão José Luiz Saldanha dos Santos, a sobrinha Cristina dos Santos, e outros familiares aguardam seu retorno até hoje.
De acordo com Cristina, Clotilde, que há cerca de dois anos vinha apresentando sintomas de Mal de Alzheimer, sempre estava acompanhada por um familiar. Mas, no dia do desaparecimento, ela estava sob os cuidados de uma antiga amiga, que ela foi visitar.
– Elas não se viam há muito tempo e combinaram de passar o fim de semana na chácara da amiga, perto do Morro das Antenas, no interior de Santa Maria. Nós recomendamos a amiga sobre o estado da tia, e ela garantiu que a traria em segurança ou nos avisaria para buscarmos ela – explica Cristina.
No sábado, dia 20 de fevereiro, Clotilde e a amiga foram até um armazém próximo ao Morro das Antenas. Em função de uma emergência, a amiga voltou para a cidade, mas Clotilde se dispôs a voltar para a chácara caminhando. Conforme moradores da localidade, a última vez que Clotilde foi vista foi naquele sábado, por volta das 18h, em uma estrada próxima à fazenda da amiga.
A família, que até então estava tranquila, acreditando que Clotilde estava na companhia da amiga, ficou sabendo do seu sumiço apenas na terça-feira, dia 23 de fevereiro.
– A amiga da tia ligou e nos perguntou se ela tinha chegado bem. E nós levamos um susto, pois achávamos que elas estavam juntas. Ela nos contou o que aconteceu, comunicamos à polícia, aos bombeiros, e começaram as buscas.
De acordo com o delegado Gabriel Zanella, da Delegacia de Homicídios e Desaparecidos, responsável pelo caso, a investigação está em aberto e o caso é complexo.
– Realizamos buscas, procedimentos técnicos, periciais, colocamos cães farejadores no local, mas não encontramos vestígios. É um caso complexo, sem uma linha de investigação definitiva e, por esse motivo, não descartamos nenhuma possibilidade – garante Zanella.
Esperançosos em receber Clotilde de volta ao lar, mas abatidos em função da espera, a família já espalhou cartazes pela cidade e pede a ajuda da comunidade. Quem tiver informações pode ligar para a Delegacia de Homicídios e Desaparecidos pelo (55) 3222-9478 ou para o 197, plantão 24 horas da Polícia Civil, ou para o 198, dos bombeiros.