O advogado Nedy de Vargas Marques, que defende o deputado Mário Jardel (PSD) na investigação que está em curso na Subcomissão de Ética da Assembleia Legislativa, confirmou que entregou, nesta quarta-feira, uma manifestação na qual afirma estar ciente dos autos do processo, possibilitando a continuidade dos trabalhos.
A defesa do parlamentar já havia sido formulada pelos antigos defensores. Nedy Marques, que assumiu o caso recentemente, pediu mais prazo para analisar a defesa. Jardel trocou três vezes de advogados.
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A corregedoria da Casa pediu a cassação do ex-atleta por quebra de decoro parlamentar, improbidade administrativa e financiamento e associação ao tráfico. A decisão ocorreu após investigação do Ministério Público.
De acordo com o deputado Sérgio Turra (PP), relator do processo na subcomissão, uma reunião de trabalho, marcada para a próxima terça-feira, definirá o cronograma das atividades. O calendário, a ser organizado, prevê o depoimento do deputado Jardel e de testemunhas do caso.
– Temos até 10 de junho para encerrar os trabalhos. Não adianta apressar, nem arrastar nada. Para fazer um bom juízo de valores e correto dos fatos precisamos ter as provas adequadas – afirma Turra.
O parecer da subcomissão deverá conter pedido de arquivamento da denúncia, perda ou suspensão temporária do mandato do deputado. Depois, o texto será enviado para apreciação da Comissão de Ética. Se aprovado, encaminhado para a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). Lá, os parlamentares terão outras cinco sessões para votar o relatório que, se referendado, vai a votação em plenário.
Entenda o caso
Após três meses de investigações, o Ministério Público denúncia contra o deputado Mário Jardel (PSD) e outras 10 pessoas por crimes supostamente cometidos no gabinete do parlamentar entre fevereiro e novembro do ano passado. Entre os denunciados, estão ex-assessores de Jardel, a sua mulher, Sandra Paula Aguiar de Souza, o irmão, César Ribeiro Júnior, e um homem acusado de tráfico de drogas.
Segundo o MP, o deputado comandava uma organização criminosa que tinha como objetivo obter vantagem financeira às custas dos cofres públicos. Jardel é acusado de exigir parte dos salários de servidores do gabinete, além de falsificar diárias e relatórios de indenização veicular. O Ministério Público calcula que o valor desviado no período, e que teria o parlamentar como principal destinatário, seja de cerca de R$ 212 mil.
A denúncia foi encaminhada pelo procurador-geral de Justiça, Marcelo Dornelles, ao presidente do Tribunal de Justiça, Luiz Felipe Difini. No documento, Dornelles detalha como funcionava a quadrilha e ressalta que as irregularidades não se restringiam à exigência dos salários dos servidores e à falsificação de documentos. O MP confirmou a existência de pelo menos três funcionárias-fantasmas no gabinete de Jardel. As três repassariam parte dos vencimentos à esposa do parlamentar, que acabou denunciada.
A inclusão do irmão do deputado ocorreu porque, segundo a investigação, prestações do aluguel de um apartamento no qual ele mora foram pagas com dinheiro desviado.
*Zero Hora