O primeiro de quatro módulos do (futuro) maior complexo prisional do Rio Grande do Sul foi inaugurado na manhã desta terça-feira. Com 393 vagas de regime fechado, a chamada Penitenciária Estadual de Canoas I já conta com 17 presos, todos do tipo "trabalhadores laborais", que atuam em setores como cozinha, limpeza e lavanderia.
Os próximos apenados chegarão a partir desta tarde em comboios de 10 a 15 detentos. Já existe uma lista com cerca de 130 nomes de presos "religiosos" que deverão ser os primeiros a chegar. Os demais serão selecionados, em acordo entre a Susepe e a Vara de Execuções Criminais (VEC), a partir dos perfis dos apenados. A promessa é de que não sejam ligados às grandes facções criminosas que comandam outras cadeias e nem de alta periculosidade.
Ocupando uma área construída de 5,3 mil metros quadrados, o módulo I tem três galerias iguais. Cada uma delas têm 16 celas (com oito presos em cada), um parlatório, um solário (espaço fechado com mesas para as refeições e área para banho de sol), cozinha, sala de estudos e sala de trabalho.
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Cada cela têm quatro beliches. Na galeria B, única a qual a imprensa teve acesso, sobre cada um dos oito colchões havia um kit individual para os novos apenados – caneca e prato azuis, chinelo, uniforme laranja, lençol, cobertor, travesseiro e toalhas. A sala de aula estava equipada com cadeiras azuis e um quadro ainda repousava no chão, escorado numa parede. O espaço para trabalho ainda estava vazio. Para ministrar cursos, voluntários deverão ser convocados.
O oferecimento de estudo e trabalho – mais tarde, empresas a serem instaladas no entorno do complexo prisional deverão oferecer vagas para os detentos – é uma das principais apostas dos governos municipal e estadual para tentar ressocializar os condenados e, com isso, reduzir os índices de criminalidade.
Os presos já levados para o novo presídio estavam na galeria A e não foram vistos. Servidores guardavam a entrada e sequer permitiram fotos do corredor. A parte da frente do pavilhão, destinada à administração e aos funcionários, também já está ocupada. O controle interno da penitenciária será feito exclusivamente por servidores da Susepe.
Veja imagens internas do presídio e da inauguração:
Os 73 funcionários, que já estavam reservados para a função desde a última nomeação, há pouco mais de um ano, não terão contato direto com os detentos – circularão por galerias superiores, com visão para o térreo, onde estarão os presos, e controle manual das grades das celas. Há, ainda, quatro guaritas elevadas para posto de guarda. Do lado de fora do complexo, caberá à Brigada Militar fazer a segurança, com agentes de outras cidades que não Canoas, uma exigência do prefeito de Canoas, Jairo Jorge.
As refeições serão produzidas pelos próprios apenados, assim como o trabalho de limpeza, de jardinagem e de lavanderia.
Por enquanto, nada de bloqueadores de celular no complexo. O governo diz que já está avaliando orçamentos. A prefeitura diz que só liberará o habite-se para os próximos pavilhões quando os equipamentos tiverem operando.
Localizado na Avenida do Nazário, 3.505, no bairro Guajuviras, o presídio custou quase R$ 18 milhões. Foram dois anos de meio de obras, mas um total de seis anos desde o inicio das negociações. Idealizado pelo prefeito Jairo Jorge, o projeto perpassou três governos estaduais – Yeda, Tarso e Sartori.
O secretário estadual de Segurança, Wantuir Jacini, prometeu que, no início de 2017, todos os quatro módulos estarão funcionando, com um total de 2,8 mil vagas.