A previsão não é boa para quem tem de passar todo mês na farmácia. Que os medicamentos são reajustados anualmente no final de março, a maioria dos consumidores regulares sabe. Mas neste ano, o setor farmacêutico projeta um aumento acima da inflação, algo que não acontece há dez anos.
Vem da Associação da Indústria Farmacêutica de Pesquisa (Interfarma) essa previsão. O aumento anual pode ficar em 12,5%, dizem as indústrias.
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A base de cálculo para o reajuste de medicamentos é o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que acumula alta de 10,36% em 12 meses até fevereiro. O governo, no entanto, ainda não confirma de quanto será o aumento. O Ministério da Saúde se limita a esclarecer que a regulação é de responsabilidade da Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED), órgão interministerial que define o aumento todo ano. Em 2015, essa câmara fixou em 6% o reajuste médio dos remédios. Sobre os 12,5% previstos pela Interfarma, o ministério não faz comentário.
Impacto no bolso
Com a nota fiscal na mão, revelando gasto de R$ 169, o aposentado Wolmar Castilhos Sebastião, 80 anos, não se conforma ao sair de uma farmácia no Centro da Capital.
- Pode isso? É um absurdo. Eu, graças a Deus, ainda consigo pagar. Mas e quem não tem? - questiona.
Diabético, Wolmar precisa da insulina e dos medicamentos para controlar a doença. São cerca de R$ 500 que ele tira do bolso por mês para os remédios. Com o possível aumento no final de março, ele terá de gastar mais R$ 60.
Mesmo após dois infartos, a aposentada Eleida Maria Prelelué Soares, 69 anos, bate perna atrás do menor preço. É usuária cativa do programa Farmácia Popular, do governo federal, com descontos de até 90%. Mesmo assim, deixa mais de R$ 300 por mês no balcão da farmácia. Se a indústria estiver certa, terá de se desfazer de mais R$ 40.
- Mais aumento? É difícil isso, porque não é só remédio. Eu pago os exames também. Se for esperar pelo Sus, eu morro - lamenta ela.
Mas o preço muito baixo não pode ser o único critério. O diretor-executivo do Procon de Porto Alegre, Cauê Vieira, alerta para uma armadilha.
- Tem de cuidar a validade. Por isso, é preciso desconfiar do preço muito baixo. Deve-se ver a data na caixa e na cartela - alerta ele.
Eleida já se prepara para quando abril chegar
Foto: Lauro Alves/Agência RBS
Como economizar com os remédios
Gratuitos
Pelo Sus, é possível retirar gratuitamente com receita médica remédios de uso continuado ou alto custo. No próprio local da consulta é possível saber isso, e também lá se retirar os remédios.
Subsídios
O cartaz Aqui Tem Farmácia Popular indica a farmácia onde é possível comprar remédios com até 90% de desconto. O programa é do Ministério da Saúde. Para ter o benefício, leve documento de identidade com foto, CPF e receita médica.
Planos de saúde
As maiores operadores do país oferecem descontos aos beneficiários, uma economia que pode chegar a até 60%. Se você tem plano de saúde, entre em contato e pergunte pelo benefício oferecido.
Laboratórios
Para remédios de uso contínuo, muitos laboratórios têm plano de fidelidade. O paciente compra com desconto e retira em uma farmácia conveniada. O médico já costuma dar essa informação. O site do laboratório na internet também esclarece.
Genéricos
O genérico deve ser, no mínimo, 35% mais barato do que o convencional. Mas não deixe de pesquisar genéricos de diferentes laboratórios. Há diferenças entre eles.
Comparar
Se não achar nenhum desconto, compare entre as farmácias. A variação de preço entre os medicamentos com necessidade de receita médica chega a 40%. Em um analgésico comum, pode variar 300%.
Melhor comprar
Farmácias em áreas de grande movimento têm descontos mais atraentes por causa da concorrência. As de bairro oferecem a comodidade de estar perto de casa. É preciso avaliar.
Preço baixo
Cuidado com o preço baixo demais. Observe a validade do medicamento na caixa e na cartela. E preveja se a validade cobre o tempo de tratamento.
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