Líderes de oposição no Congresso se reuniram na manhã desta terça-feira com jornalistas da imprensa internacional para argumentar em favor da legalidade do processo de impeachment que está atualmente em curso contra Dilma Rousseff. O objetivo é rebater entrevistas concedidas pela presidente na semana passada.
– Viemos enfrentar a narrativa do PT e da própria presidente da República de que o Brasil está prestes a sofrer um golpe. Reunimos a imprensa internacional para dizer que no Brasil se respeita a Constituição – afirmou o presidente nacional do PSDB, Aécio Neves (MG).
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Além do PSDB, participaram do encontro parlamentares do PPS, PSC, DEM e PSB. Segundo jornalistas que estiveram na reunião, os partidos também foram questionados sobre participarem de um possível novo governo, coordenado pelo vice-presidente da República, Michel Temer, que também preside o PMDB, um dos partidos envolvidos no esquema de corrupção investigado pela Operação Lava-Jato.
Argumentos
Na tentativa de rebater a presidente Dilma, que concedeu entrevista na semana passada, alegando que o processo em curso é um golpe, os interlocutores defenderam a legalidade do impeachment com o argumento de que o processo é previsto na Constituição e que a condução do rito foi determinada pela Suprema Corte.
– Não existe um golpe quando se cumpre a Constituição, quando o Supremo Tribunal Federal determina o rito a ser seguido, quando os parlamentares eleitos pela população brasileira é que definirão o que vai acontecer com o país – afirmou Aécio a jornalistas brasileiros após o encontro.
A oposição, entretanto, não respondeu precisamente aos argumentos governistas. Nos últimos dias, tanto Dilma Rousseff quanto o ex-presidente Lula concederam entrevistas à imprensa internacional criticando o processo de impeachment com base no mérito e não na possibilidade de que o processo seja aberto conforme previsto na Constituição.
O processo de impeachment que tramita no Congresso leva em consideração as pedaladas fiscais que foram cometidas em 2014 e 2015. Governistas argumentam que o processo não poderia ser aberto, uma vez que o Congresso ainda não julgou as contas governamentais de 2014 e o Tribunal de Contas da União (TCU) também não deliberou sobre as contas de 2015.
Na comissão especial do impeachment na Câmara, o deputado Assis Carvalho (PT-PI) apresentou uma questão de ordem pedindo a suspensão do processo por esta razão.
– Estão desesperados para encontrar um crime que não existe – disse Carvalho.
Na manhã desta terça-feira, ao abrir a sessão, o presidente da comissão Rogério Rosso (PSD-DF) negou a questão de ordem. O petista afirmou que vai recorrer.