Em 2010, quando a indústria alemã de veículos blindados Krauss-Maffei Wegmann (KMW) colocou Santa Maria em seus planos de expansão na América do Sul, foi uma grande surpresa. Naquele ano, a empresa já começou a olhar áreas na cidade para instalar uma sede para manutenção e uma futura fábrica de blindados. Devido a questões burocráticas, levou mais tempo do que a KMW previa, mas os planos viraram realidade. Na quarta-feira, a empresa alemã vai inaugurar sua sede em Santa Maria, de onde atenderá não só ao Brasil, mas a todos os países da América do Sul. O mundial da empresa, Frank Haun, virá para a solenidade.
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A KMW, que é líder europeia no setor, tendo 3,5 mil funcionários em 10 países e fornecendo veículos para 50 nações, não caiu de paraquedas na cidade. O principal motivo da vinda foi a compra feita pelo Brasil de 220 blindados Leopard 1a5, fabricados pela empresa e que eram usados pelo exército da Alemanha. Com a necessidade de manutenção desses carros de guerra, a KMW resolveu se instalar em terras brasileiras. Três fatos pesaram para a escolha: a consolidação da cidade e da região como polo militar, sediando a maior parte dos blindados, a mão de obra qualificada e a influência do então ministro da defesa, Nelson Jobim, por ser santa-mariense.
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Enquanto a sede não estava pronta, a KMW abriu escritório no centro e começou a prestar serviços nos quartéis. A empresa tem contrato de manutenção dos 220 blindados Leopard 1a5 até 30 de setembro de 2016 - agora, espera assinar um novo contrato. A multinacional está concluindo, em sua nova sede, a modernização de oito dos 36 blindados de defesa antiaérea Gepard, comprados pelo Brasil da Alemanha.
Atualmente, para prestar esses serviços, a KMW tem 33 funcionários na cidade. Em 2012, a empresa chegou a anunciar que, até 2012, pretendia ter de 200 a 500 empregados em Santa Maria. Porém, devido a imprevistos nas obras e ao momento atual do Brasil, com o governo cortando orçamento, essas previsões foram adiadas. Se novos contratos de manutenção forem assinados neste ano, o número de empregados deve crescer em 2016, mas ficar abaixo de cem pessoas.
A multinacional já havia confirmado os planos de, no futuro, também fabricar blindados aqui. Segundo o gerente geral da kmw no Brasil, Christian Böge, os planos estão mantidos e haverá tratativas com o exército para desenvolver um projeto de um blindado adequado ao país. Se tudo correr bem, um protótipo poderá ser apresentado em 2021 ou 2022. Existe a possibilidade de outras empresas também disputarem o contrato, mas o fato de a KMW já estar instalada no brasil é uma vantagem.
- Os planos são fabricar um blindado em Santa Maria, com 70% dos fornecedores nacionais - afirma Böge
Qualificação para o setor
Nos últimos anos, uma causa tem unido esforços pelo desenvolvimento de Santa Maria. A articulação de iniciativas que visa fortalecer o setor que reúne indústria e prestação de serviços para as Forças Armadas foi oficializada com o reconhecimento do Arranjo Produtivo Local (APL) Polo de Defesa. Antes disso, sob a liderança da Agência de Desenvolvimento de Santa Maria (Adesm), o setor já organizava eventos, como o Seminário Internacional de Defesa (Seminde).
Com 15 empresas, entre elas a KMW, o APL Polo de Defesa deve propor outras atividades de integração e de abertura de mercados ao setor. Com a inauguração da multinacional, o gestor do APL, Diogo de Gregori, acredita que o trabalho poderá ser impulsionado:
- É um marco para a indústria de defesa de Santa Maria ter a sede da multinacional que atende a toda a América do Sul. Eles trarão novas tecnologias em indústria metalmecânica e também na área de simulação .
Para o prefeito Cezar Schirmer, a inauguração da sede marcará o futuro da cidade:
- Do ponto de vista industrial, Santa Maria será dividida entre antes e depois da KMW. O projeto da empresa para a América do Sul é significativo e passa por Santa Maria. O futuro vai demonstrar que essa data será um marco na nossa história.