O avião que caiu no sábado em São Paulo matando o empresário e ex-presidente da Vale Roger Agnelli e outras seis pessoas, não tinha caixa-preta. A informação é da Força Aérea Brasileira (FAB). A aeronave de fibra de carbono colidiu em uma moradia durante a tarde, logo após decolar do Aeroporto Campo de Marte.
Segundo a FAB, não há obrigatoriedade da presença de caixa-preta em aparelhos particulares. Mas a falta do equipamento, que registra dados da aeronave e a conversa na cabine do piloto, dificulta as investigações sobre o motivo da queda. O avião, um monomotor com fuselagem de fibra de carbono, era do tipo experimental. Neste tipo de situação, o proprietário faz a compra do corpo do monomotor e instala por conta o restante dos equipamentos.
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De acordo com a Secretaria de Estado de Segurança Pública (SSP-SP), além dos restos mortais de Agnelli, também foram reconhecidos os despojos da mulher dele, Andrea de Azevedo Marques Trench Agnelli, do casal de filhos Anna Carolina Trench Agnelli Bittencourt e João Trench Agnelli, além de Parris Ventura Bittencourt, Carolina Ambroso Mascarenhas Marques e do piloto Paulo Roberto Bau.
Conforme a SSP-SP, o trabalho de identificação foi realizado pelo Núcleo de Antropologia do Instituto Médico-Legal (IML). Três das vítimas foram identificadas por meio de digitais e as outras quatro, de forma antropológica. A secretaria disse que apenas o corpo de Bau ainda está no IML Central, aguardando a retirada da família.
No início da tarde deste domingo, peritos do Centro de Investigações e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) deixaram o sobrado onde o monomotor caiu. Agora, os investigadores pedirão os áudios entre o piloto e a torre de controle do Campo de Marte para verificar se houve troca de informações sobre dificuldades na decolagem.
O acidente aconteceu logo após a decolagem, ainda nas proximidades do Aeroporto do Campo de Marte – antes, o monomotor estava estacionado no hangar da Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero). O voo tinha como destino o Aeroporto Santos Dumont, no Rio de Janeiro. O avião, de prefixo PRZRA, estava registrado em nome de Agnelli. De acordo com pessoas próximas a ele ouvidas pelo Estadão, Agnelli e a família viajavam na aeronave para a capital fluminense para a festa de casamento de um sobrinho do executivo.
Casa
O acidente também atingiu uma casa do bairro e deixou uma empregada doméstica que trabalhava no local com escoriações. Ela foi encaminhada ao Pronto-Socorro da Santa Casa de Misericórdia, na região central. Os moradores não se feriram. O proprietário da casa, Armando Carrara, de 65 anos, estava no terraço brincando com o neto de jogar dados quando foi avisado pelo genro de que um avião ia bater na casa.
– Eu não vi nada. Só escutei gritando comigo. Peguei meu neto pelos braços e corri para o fundo da casa.
Segundo ele, os automóveis da família foram todos destruídos pelas chamas do avião, que bateu num muro do sobrado e caiu na garagem.