A presidente Dilma Rousseff se encontrou na tarde desta sexta-feira, em São Paulo, com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no Hotel Renassaince, na região da Avenida Paulista. A reunião, que não estava prevista na agenda presidencial, ocorreu a portas fechadas e terminou por volta das 20h30. No início do mês passado, Dilma, Lula e o presidente nacional do PT, Rui Falcão, haviam se encontrado em Brasília.
As conversas ocorreram no momento em que um sítio frequentado pelo ex-presidente no interior de São Paulo passou a ser alvo de inquérito da Justiça Federal, para investigar possíveis vínculos com empreiteiras investigadas na Operação Lava-Jato. Na última quinta-feira, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, disse que a oposição tenta "a cada passo" atingir Lula.
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Conforme o jornal Folha de S. Paulo, Lula não pediu a Dilma um gesto público em sua defesa. Ela, por sua vez, decidiu que não vai tomar "atitude prática" ou fazer "declarações enfáticas" sobre o assunto.
Além disso, interlocutores de Lula afirmaram que ele está "estudando o momento certo" para se pronunciar sobre citações nas operações Lava-Jato e Zelotes. Outros assuntos debatidos no encontro foram a retomada do crescimento do país e condução de propostas do Planalto que têm resistência dentro do próprio PT.
Instituto Lula
Mais cedo, Lula havia participado de uma reunião do conselho do Instituto Lula, feita no Hotel Grand Mercure, na região do Parque Ibirapuera. O encontro estava agendado desde o final do ano passado. Participaram da reunião o ministro da Cultura Juca Ferreira, o presidente do PT Rui Falcão, o presidente do instituto, Paulo Okamotto, o diretor Celso Marcondes, os ex-ministros Paulo Vannuchi e Luiz Dulci, entre outros.
Segundo Okamotto, a reunião desta sexta-feira, que teve início por volta das 10h30, tratou unicamente sobre mudanças no Instituto Lula, que deve passar a olhar mais para questões nacionais e não internacionais, como vinha fazendo.
- O que aconteceu hoje é que a diretoria chamou uma reunião dos conselheiros do instituto para fazer um balanço sobre o trabalho do instituto nos últimos quatro anos e definir um plano estratégico para o próximo período no Brasil. Dentro da avaliação da diretoria do instituto e dos membros conselheiros, vimos a necessidade, por conta da conjuntura política e econômica, de focarmos nosso trabalho mais aqui no Brasil, discutindo alternativas para o país.
De acordo com Okamotto e outros conselheiros do instituto que falaram com a imprensa, em nenhum momento a reunião tratou sobre as investigações da Operação Lava-Jato e sobre o depoimento que Lula dará ao juiz Sergio Moro, por videoconferência,como testemunha de defesa do pecuarista José Carlos Bumlai.
- O presidente inclusive disse que as questões relativas a ele, ele mesmo enfrenta - disse o ministro Juca Ferreira, negando que as investigações tenham sido objeto da reunião de hoje.
* Zero Hora, com agências