Após meses de especulações sobre uma possível saída do PT, partido ao qual é filiado desde 1985, o senador Paulo Paim atendeu aos apelos de líderes petistas e anunciou nesta segunda-feira que permanecerá na sigla. A decisão de Paim começou a tomar forma em uma reunião que durou três horas durante a manhã, quando dirigentes do PT propuseram ampliar o apoio do diretório estadual às bandeiras defendidas pelo senador, contrárias à reforma da previdência e à política econômica do governo Dilma Rousseff.
Depois do encontro, o petista reuniu-se com o conselho político do seu mandato, em Canoas. Apesar de algumas posições favoráveis à desfiliação do partido, Paim disse que prevaleceram as promessas da direção estadual.
– O PT do Rio Grande do Sul atendeu a tudo o que eu queria. O partido assumiu os compromissos que sempre tive, de defesa dos trabalhadores, dos aposentados e manifestou descontentamento com o fato de não estarmos colocando em prática o programa defendido na campanha de 2014. Defendemos as mesmas causas, por isso, decidi permanecer – explicou o senador.
Na prática, o PT gaúcho se comprometeu a defender posições que já têm sido difundidas pelo diretório desde o início do ajuste fiscal. Oriundo do movimento sindical e defensor das causas trabalhistas, Paim tem sido um dos parlamentares mais críticos ao governo Dilma. As divergências aumentaram em 2015, quando foram editadas medidas provisórias que afetaram direitos dos trabalhadores, como o seguro-desemprego e o abono salarial. Com a permanência no partido, o senador garante que continuará se manifestando contra iniciativas desse tipo e disse esperar uma mudança de postura do governo.
– Vamos fazer o bom embate. Vou continuar lutando pelas minhas causas, agora com mais apoio do partido, que agora documentou o seu suporte a essas bandeiras – lembrou.
Mais cedo, na reunião com os petistas, o senador ouviu apelos de dirigentes históricos da sigla, como o ex-governador Olívio Dutra e o ex-prefeito de Porto Alegre Raul Pont. O presidente estadual do PT, Ary Vanazzi, disse que o diretório pretende estreitar as relações com Paim. Nos bastidores, integrantes do partido atribuem o gesto do senador, de especular a própria saída, à disputa eleitoral de 2018, quando ele pretende concorrer à reeleição. Embora afirme que Paim é o candidato natural por já estar no cargo, a direção do PT não quer antecipar a discussão do nome que será indicado para a vaga. Outros políticos, como o ministro Miguel Rossetto e o ex-governador Tarso Genro, são especulados para disputar a eleição.
– Há uma garantia da direção de que haverá prioridade para quem está no cargo – disse Paim.
O senador recebeu convites de diversos partidos, como a Rede, o PDT e o PSB.
* Zero Hora