No dia em que a tragédia da boate Kiss completa três anos, o prefeito de Santa Maria, Cezar Schirmer (PMDB), está em férias. Ele ainda não se manifestou publicamente sobre a nova possibilidade de virar réu no caso da boate Kiss. Isso acontece porque segunda-feira um dos responsabilizados pelo incêndio na danceteria, Elissandro Spohr, o Kiko (ex-dono do estabelecimento), ingressou na Justiça com pedido de indenização contra Schirmer, quatro servidores da prefeitura santa-mariense e um promotor.
A história de seis órfãos da boate Kiss
Kiko diz que tanto fiscais da prefeitura quanto o promotor de Justiça vistoriaram a Kiss e permitiram que abrisse, concedendo inclusive alvará de funcionamento e outros documentos necessários para seu funcionamento. Spohr, que é um dos quatro acusados pelo homicídio das 242 vítimas da Kiss, afirma que teria feito obras necessárias na boate, se tivesse alertado pelos fiscais e pelo promotor.
- Isso não aconteceu. Pediram apenas providências contra o ruído, que implementei. O promotor e os fiscais não falaram que faltava porta de emergência ou que a espuma colocada para evitar barulho poderia ser tóxica. Deveriam ser réus, como eu - declarou Kiko, na justificativa para implementar o processo.
Familiares permanecem em vigília em frente a boate Kiss
Indenização revertida a familiares de vítimas
A ação cível implementada por Kiko é contra o prefeito (responsável máximo pelas ações da prefeitura), contra secretários e fiscais municipais, contra quatro bombeiros que vistoriaram a boate e contra o promotor. Ele solicita que cada um pague 40 salários mínimos de indenização. O valor, promete o ex-dono da Kiss, será doado a familiares das vítimas do incêndio na danceteria. O promotor Lozza disse que só vai comentar o caso após ser notificado.
ESPECIAL: tragédia completa três anos de impunidade
Desde domingo, Zero Hora tentou sete vezes entrevistar Schirmer. Deixou inclusive três recados no telefone dele, mas não obteve retorno.