O Liquida Santa Maria 2016 começou ontem com um número muito menor de lojas do que nos últimos anos. Mas isso não quer dizer que não haja descontos em boa parte do comércio.
Por motivos que podem ser resumidos em cinco (veja abaixo), com base no que lojistas contaram à reportagem na última segunda-feira, apenas 37% dos empresários que participaram da promoção no ano passado repetiram a iniciativa em 2016. A Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Santa Maria, que organiza a campanha, já busca medidas para se aproximar mais da categoria.
Santa Maria tem cerca de 4 mil lojas, conforme dados do IBGE citados pela CDL. Dessas, 850 são associadas à entidade. Mesmo assim, em 2016, apenas 53 lojistas aderiram ao Liquida Santa Maria. Embora a queda no número de adesões tenha sido brusca de 2015 para este ano, ela não foi isolada. Desde 2012, quando a campanha atingiu o auge, o total de lojas participantes vem caindo ano a ano.
Uma tendência de mercado, que antecipa para janeiro a queima de estoque, pode ser uma das explicações, se for considerado o total do varejo. Lojas de redes começaram suas promoções logo após o Natal.
Observando o movimento, o Liquida foi antecipado em uma semana, mas a CDL preferiu não tirar a promoção do período que marca a transição de estações. Na Capital, por exemplo, a CDL chegou a cogitar a antecipação do Liquida Porto Alegre para janeiro já em 2015, mas a entidade preferiu reduzir o número de dias da campanha e mantê-la no fim de fevereiro.
Uma das causas apontadas pelos lojistas e gerentes consultados pela reportagem para explicar o desempenho da campanha neste ano foi o distanciamento entre CDL e os comerciantes. Esse aspecto é reconhecido pela diretoria da entidade e deve ser pauta de uma convenção marcada para abril.
- Essa aproximação com a comunidade é um desafio. Temos de ouvir mais os lojistas e, por outro lado, informar melhor aquilo que a entidade faz - afirma Ewerton Falk Brasil, presidente da CDL SM.
O "Diário" visitou seis lojas que estavam divulgando algum tipo de promoção sem a identificação do Liquida Santa Maria e questionou os motivos da não adesão:
- Custo de adesão
Em anos em que a CDL sorteou prêmios, a taxa de adesão ao Liquida Santa Maria já foi maior. Neste ano, mesmo sendo R$ 90, há lojas que preferiram não pagar:
"Nunca participamos por causa do custo, que para nós é difícil. Também poderia ter um contato com os lojistas antes da campanha, para que a gente pudesse opinar sobre a data, sobre os custos", Leiza Fabiana Antunes, proprietária da loja Idius
- Prazo diferente do planejado pela loja
Mesmo que a entidade tenha antecipado em uma semana o começo do Liquida, entrando no mês de janeiro, lojas que já começaram o mês com descontos preferiram não aderir, por julgar suficiente a sinalização própria na vitrine:
"Neste ano, como o movimento estava baixo desde dezembro, decidimos antecipar a promoção. Mas participamos no ano passado. Acho que pode ter mais divulgação", Luciana do Canto, proprietária das Lojas Canto
- Não ficou sabendo
Em algumas lojas visitadas, o gerente ou empresário não sabia que o Liquida havia começado ontem, nem lembrava se tinha sido convidado a participar:
"Costumamos participar, mas agora estávamos em mudança e acabou passando, nem fiquei sabendo", Thiago Bettio, proprietário da Tória
- Grandes lojas e redes preferem iniciativas próprias
Lojas de grande porte ou que fazem parte de redes de fora da cidade costumam ter um planejamento próprio, que inclui o prazo para liquidação, independente de eventos locais. Houve anos em que lojas como a Eny e a Paraíso emendaram a campanha própria na da CDL:
"Nossa promoção começou antes, em 10 de janeiro. Acho que o Liquida poderia se antecipar mais, porque as lojas de fora fazem antes, e a primeira liquidação é que chama a atenção dos clientes", Vanderly Cassel, gerente da Loja Paraíso
- Falta mobilização e contato com os lojistas
Diferentes lojistas comentaram que sentem falta de um contato mais próximo da entidade, de serem consultados sobre as iniciativas e poderem opinar
O presidente da CDL, Ewerton Falk Brasil, respondeu às questões apontadas pelos lojistas como motivos para não aderir ao Liquida Santa Maria:
- Custo de adesão - Falk afirmou que o custo de adesão ao Liquida Santa Maria foi muito inferior aos custos das promoções. A entidade desembolsou pelo menos duas vezes mais do que o que foi arrecadado junto ao empresariado para custear a mídia da campanha. Mas admite que a entidade está falhando ao comunicar seus investimentos e iniciativas à comunidade
- Prazo diferente e grandes redes preferem iniciativas próprias - A data foi alterada neste ano em observância a uma tendência de mercado. Porém, adiantar para o começo de janeiro o começo da promoção poderia causar queda nas vendas do ano seguinte, em dezembro, foi a conclusão da diretoria da CDL
- Não ficou sabendo - Falk explica que a divulgação das campanhas é feita pessoalmente por funcionários da entidade, que visitam e oferecem os pacotes aos lojistas. Porém, admite que talvez seja necessário rever o processo para não haver falhas de comunicação. A CDL não envia correspondências ou e-mails nem divulga a campanha na mídia para não passar um recado errado ao consumidor: que ele deve adiar a compra
- Falta de mobilização e contato com os lojistas - Esta é apontada como uma falha pela própria entidade, que já está organizando uma convenção para reunir todo o comércio a fim de melhorar a comunicação entre empresariado e CDL. Conforme Falk, será um evento aberto e participativo