O Bloco de Lutas Zona Oeste de Santa Maria publicou uma nota de esclarecimento no Facebook sobre uma confusão envolvendo integrantes do grupo e policiais militares durante uma abordagem na madrugada deste sábado.
Segundo a nota, integrantes do coletivo "faziam uma intervenção" na parede do prédio onde funcionava o Supermercado Nacional, na esquina das ruas Astrogildo de Azevedo e Professor Braga, por volta das 5h, quando foram interpelados por um policial à paisana.
O Bloco de Lutas afirma que queria chamar a atenção e gerar debate sobre o reajuste das tarifas de transporte público e escolheu o lugar para pichar já que fica próximo de uma parada de ônibus.
Junto da publicação do grupo, foram divulgadas fotografias de ferimentos que os pichadores teriam sofrido. Até as 16h deste domingo, a publicação somava 98 compartilhamentos e mais de 100 curtidas.
Conforme a ocorrência policial registrada na Delegacia de Polícia de Pronto-Atendimento (DPPA), dois policiais, de 29 e 35 anos, e dois pichadores, de 21 e 30, teriam ficado feridos. Todos receberam atendimento na Unidade Pronto-Atendimento (UPA) e foram liberados. A UPA confirma que os quatro deram entrada na unidad ede saúde, mas não informa os tipos de ferimentos. Ainda, segundo o registro, um casal teria reagido à abordagem policial.
De acordo com a publicação do grupo nas redes sociais, o policial estava armado e não teria se identificado quando se aproximou dos militantes. Um casal, que estaria próximo do local, teria visto os pichadores sendo agredidos, e intercedido na tentativa de cessar com a briga.
O Diário tentou contato com os policiais militares e com o Bloco de Lutas, mas até este momento, não obteve retorno.
Leia abaixo o texto do Bloco de Lutas Zona Oeste na íntegra. A publicação foi feita por volta das 2h deste domingo:
NOTA SOBRE A REPRESSÃO DA MADRUGADA DE SÁBADO
O Bloco de Lutas Zona Oeste nasce a partir da insatisfação de um setor da população da periferia da zona oeste com a precarização do transporte e os sucessivos aumentos da tarifa, nunca revertidos em melhorias para os usuários das áreas mais carentes da cidade. E surgimos também de desacordos em relação ao método burocrático praticado na cidade que tenta convencer empresários e governantes que formam máfia do transporte estabelecida na cidade. Nós tentamos ao contrário, reafirmar a importância do povo em luta, e promovemos atividades que tentam conversar com quem mais precisa deste transporte e não com quem mais lucra com ele.
Dentre essas atividades, pensamos que um mural em um prédio desativado em frente ao terminal da parada que reúne mais usuários do transporte da zona oeste iria provocar um debate em torno do aumento da tarifa e da precarização do serviço.
Durante a ação direta promovida por integrantes do Bloco, os militantes foram abordados por um sujeito armado, visivelmente alterado, que não se identificou, apontando a arma para a cabeça dos envolvidos e fazendo ameaças de atirar, além de agressões verbais e físicas chegando a agredir com chutes e socos e virar tinta neles que no momento não reagiram a ação. O agressor ao invés de acionar o 190, buscava contato com uma viatura especifica, provavelmente envolvida com o trabalho sujo da Brigada Militar de nossa cidade, ameaçando levar eles para um destino incerto.
Neste momento, estudantes (um menino e três meninas) que saíram de um prédio próximo, ao ver a ação ilegal e abusiva, se solidarizaram e tentaram pacificamente cessar as agressões, sendo a partir desse momento, também alvo delas. De forma brutal o agressor ajudado por um segurança de um prédio particular parte para cima do grupo, toma como alvo das agressões o jovem estudante que tentava ajudar a apaziguar, o jovem foi derrubado no chão, agredido com socos, coronhadas e chutes. Na tentativa de interromper as agressões as meninas também foram agredidas com tapas, jogadas no chão e humilhadas. Após agredir as meninas, o agressor fugiu com a sua moto do local.
Minutos depois, a algumas quadras dali o agressor volta com duas viaturas da guarda municipal e uma viatura da BM ( sem giroflex) atacando novamente o grupo, ao descer da viatura a guarda municipal agride o jovem com tapas que já estava com as mãos na parede, o agressor se identificando somente agora como policial à paisana, continua com as ameaças, derruba o jovem mais uma vez e tenta sufoca-lo, após chutes e socos foi algemado enquanto isso, outros policiais e guardas agrediam as meninas com tapas e pontapés. O jovem e uma das meninas foram algemados e jogados na viatura sendo transportados para atendimento médico no UPA, na mesma viatura que o agressor, sofrendo torturas físicas e psicológicas ao longo do caminho.
Já na delegacia, os jovens que não possuíam antecedentes criminais e não tinham envolvimento com a ação inicial, foram detidos e fraudulentamente acusados de vários crimes que não cometeram, sendo impedidos contatar advogados. A garota ainda submetida desnecessariamente a revista vexatória durante o procedimento, traumatizando-a e a constrangendo. Foi registrada a ocorrência, sendo forjada acusações indevidas aos jovens, o qual único "crime" foi a de se solidarizar com nossa ação.
Desde já afirmamos que estaremos lado a lado com esses companheiros processados e que não nos intimidaremos com essa tentativa de coação da luta, seguiremos modestamente realizando nosso trabalho militante com o objetivo firme de barrar o aumento e conquistar outro modelo de transporte que contemple também a periferia e não apenas os empresários.
PROTESTO NÃO É CRIME !
CRIME É A TARIFA!
ZONA OESTE NA LUTA!