O príncipe Charles, ativista da luta pela proteção de florestas tropicais, rasgou elogios nesta terça-feira, segundo dia da 21ª Conferência do Clima (COP-21) das Nações Unidas, em Paris, à política do governo brasileiro de combate ao desmatamento da Amazônia. Conforme o herdeiro da coroa do Reino Unido, o Brasil demonstra que "tudo é possível" quando vontade política e liderança se somam à mobilização da iniciativa privada e da sociedade civil.
As declarações foram feitas em meio a um discurso que Charles realizou em um evento sobre o combate à devastação de florestas tropicais pelo mundo. O príncipe organizou em outubro passado uma conferência em Londres da qual a ministra do Meio Ambiente do Brasil, Izabela Teixeira, foi uma das palestrantes.
Em seu pronunciamento, de cerca de 10 minutos, Charles lembrou uma das declarações da ministra brasileira no evento.
- É preciso que haja vontade política e liderança no mais alto nível, como a ministra do Meio Ambiente do Brasil, Izabela Teixeira, afirmou em uma reunião sobre desflorestamento que eu promovi em Londres no final de outubro - disse.
- Quando a vontade política e liderança chegam à iniciativa privada e à sociedade civil, tudo se torna possível, como o Brasil e outros começam a demonstrar - destacou o príncipe.
O Brasil já havia causado bom impacto político na COP-21 na segunda-feira, dia da abertura do evento. Entre as reuniões paralelas que foram conduzidas pela presidente Dilma Rousseff no período em que ela esteve em Paris, o governo fechou um acordo com a Noruega para o investimento de mais US$ 650 milhões no Fundo Amazônia, voltado para a conservação da floresta, até 2020.
Desde 2008, o país já investiu cerca de US$ 1 bilhão para esse fim em solo brasileiro. O país também assinou uma declaração conjunta com mais 14 nações que têm floresta tropical assumindo o compromisso com o não-desmatamento.
Os elogios à ação brasileira contra a destruição florestal acontecem no momento em que o Ministério do Meio Ambiente diagnosticou um aumento de 16% no desmatamento nos Estados da Amazônia entre agosto de 2014 e julho de 2015, um período em que 5,8 mil quilômetros quadrados foram devastados - uma área equivalente a cinco vezes à da cidade de São Paulo. O dado revelou uma reversão na tendência de queda diagnosticada entre 2004 e 2012, quando o índice de desmatamento da área da Amazônia em território brasileiro caiu mais de 83%.
Um dos principais compromissos assumidos pela delegação brasileira na COP-21, em Paris, é zerar o desmatamento ilegal da Amazônia até 2030, além de reduzir em 43% as emissões de gases de efeito estufa no mesmo período, em relação a 2005.
Sem citar o Brasil, o príncipe Charles defendeu em seu discurso que acabar com o desflorestamento seja um objetivo concreto da luta contra as mudanças climáticas, envolvendo não apenas governos, mas também a iniciativa privada, em especial empresas envolvidas na exploração de recursos minerais.
- Parar o desflorestamento tem de se tornar o objetivo com o qual cada companhia de commodities deve se comprometer - afirmou o herdeiro britânico.
- Zerar o desmatamento precisa se tornar a norma, e não a exceção - comentou.
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