O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, admitiu nesta sexta-feira que tem conversado com a presidente Dilma Rousseff sobre a sua possível saída do governo e disse que não quer criar nenhum constrangimento.
A economia brasileira antes e depois de Joaquim Levy
Rumores de que o economista havia renunciado ao cargo se tornaram mais fortes esta semana, especialmente depois de comentários na reunião do Conselho Monetário Nacional (CMN), na quinta-feira. Levy teria avisado aos presentes de que talvez não estivesse no encontro agendado para janeiro, que reúne além do ministro da Fazenda, o chefe do Planejamento e o presidente do Banco Central.
Seu desembarque do governo estaria acertado desde domingo passado com a presidente Dilma. O combinado era de que Levy permanecesse no cargo até que seu sucessor fosse definido. Mas, ao tornar público o pedido de demissão, o ministro força a presidente a apressar a mudança.
Nesses quase 12 meses à frente da Fazenda, onde chegou com fama de superministro para colocar ordem nas contas públicas, Levy colecionou derrotas. O discurso focado na necessidade de um ajuste fiscal consistente se transformou em arma para os inimigos, principalmente do governo que criticavam a possível redução de investimentos em programas sociais. A iniciativa privada questionava a capacidade do ministro de convencer deputados e senadores a aprovar mudanças.
Com o apelido de "mãos de tesoura", devido à insistência na necessidade de corte de gastos do governo, Levy foi esta semana mais uma vez derrotado quando o Planalto enviou projeto ao Legislativo prevendo a redução da meta de fiscal de 2016, de 0,7% para 0,5%, com possibilidade de o superavit ser zerado.
À frente do Ministério da Fazenda, Levy não conseguiu barrar a redução da meta de superavit deste ano, de 1,1% para 0,15% – que depois se tornou déficit de até R$ 119,9 bilhões –, e não conseguiu impedir o governo de enviar ao Congresso proposta de Orçamento de 2016 com rombo de R$ 30,5 bilhões, que resultou na perda do selo de bom pagador do país pela agência de classificação de risco Standard & Poor's (S&P).
Os maiores embates dele foram com o ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, que, apoiado pelo PT e com livre trânsito com a presidente Dilma, se tornou um entrave as propostas de ajuste fiscal. O próprio Barbosa é cotado agora para assumir a pasta.