Uma pesquisa divulgada nesta terça-feira pela Fundação de Economia e Estatística (FEE) aponta que, em um ano, o desemprego no Rio Grande do Sul aumentou quase quatro pontos percentuais – passou de 6,3% para 10,2% entre a população economicamente ativa. Em relação ao mês passado, outubro, a taxa de desemprego subiu 0,1 ponto percentual – era 10,1%.
Em um momento de crise econômica e turbulência política no Brasil, o número total de desempregados chega a 189 mil pessoas no Estado – um mil a mais do que no mês anterior. De acordo com a FEE, o resultado ocorre pela combinação entre a saída de 17 mil pessoas da força de trabalho e o decréscimo de 18 mil no contingente de ocupados. A economista Iracema Castelo Branco, coordenadora do Núcleo de Análise Socioeconômica e Estatística da FEE, ressalta que o resultado é reflexo da recessão e de "um ano atípico":
– A instabilidade política, de certa forma, contaminou uma economia que já vinha em desaceleração. É difícil comparar com anos anteriores porque esse é totalmente atípico. Pelo cenário altamente negativo, os dados do desemprego poderiam estar num patamar ainda maior.
Apesar de considerar alta a variação do desemprego nos últimos 12 meses, Iracema salienta que o número está longe dos 19% registrados em 1999. Mesmo assim, 2015 marca a quebra de uma década (2004-2014) de queda gradual na taxa de desempregados.
– Estamos em plena recessão econômica, é uma mudança muito grande em pouco tempo. Nesse mês (novembro de 2015), o setor que mais chamou a atenção negativamente foi o comércio. Tivemos uma contínua redução de renda e emprego ao longo do ano, o que levou a uma redução no volume de vendas e, consequentemente, nos níveis de ocupação – explica a economista.
Comércio, veículos e construção em baixa
Entre os principais setores de atividade econômica analisados, constatou-se diminuição do nível de ocupação na indústria de transformação (menos 9 mil ocupados, ou -3,3%) e no comércio, reparação de veículos automotores e motocicletas (menos 14 mil, ou -4,4%). Por outro lado, nos serviços houve o crescimento do nível ocupacional (mais 9 mil, ou 1%), e a construção teve variação positiva (mais um mil, ou 0,8%).
O Informe de Emprego e Desemprego na Região Metropolitana de Porto Alegre aponta ainda pequena redução do emprego assalariado (menos 7 mil empregos, ou -0,6%). No setor privado, há um cenário de retração em carteiras assinadas (menos 5 mil empregos, ou -0,6%) e sem carteiras assinadas (menos 6 mil empregos, ou -7,1%). O setor público, porém, apresentou elevação do emprego (mais 4 mil pessoas, ou 2%).
Entre setembro e outubro de 2015, reduziram-se os rendimentos médios reais de ocupados (-2,6%), assalariados (-2,3%) e trabalhadores autônomos (-4,9%) – passaram a corresponder a R$ 1.825, R$ 1.775 e R$ 1.520 respectivamente. Por fim, na comparação anual, o contingente de desempregados teve um acréscimo de 72 mil pessoas. Os setores que mais perderam nos últimos 12 meses foram comércio, reparação de veículos automotores e motocicletas (-13,9%), indústria de transformação (-10,5%) e construção (-4,8%).