Professores da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFGRS) fazem parte de um grupo técnico que está investigando as causas e consequências do rompimento da barragem em Mariana, Minas Gerais.
Dois especialistas já trabalham na análise da tragédia, e outros colegas se juntarão à dupla nas próximas semanas. Os relatórios deverão nortear as decisões da força-tarefa formada pelos Ministérios Públicos Federal, de Minas Gerais e do Espírito Santo que apura o caso. Um técnico do MP gaúcho também integra a equipe.
O engenheiro geotécnico Luiz Antônio Bressani, 59 anos, é um dos professores convidados a participar da avaliação do desastre. Sua principal função será investigar por que razões a barragem foi rompida. Ele já vem colhendo informações para esclarecer o episódio, mas uma equipe multidisciplinar mais ampla será montada, dentro de até um mês, por meio de um acordo entre a UFRGS e o Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) de São Paulo.
- Estamos definindo qual será a forma de trabalho, mas deveremos contar também com a contratação de consultores de dentro e de fora do país - conta Bressani.
Os profissionais envolvidos, porém, não podem falar sobre o andamento das análises. Todos assinam um acordo de confidencialidade com o MP a fim de evitar o vazamento de informações antes que os procuradores e promotores da força-tarefa tirem suas conclusões. Um segundo professor da UFRGS, que pede anonimato para circular com mais tranquilidade nas regiões afetadas pelo desastre, no momento apura alternativas para minimizar impactos como a crise no abastecimento de água. Depois disso, deverá focar na estimativa do impacto econômico provocado pelo derramamento da lama sobre áreas verdes e cursos d'água como o Rio Doce.
Segundo Bressani, o convite foi feito à UFRGS porque já havia ocorrido, anteriormente, negociações para outros trabalhos com a universidade gaúcha. O time gaúcho que vai investigar um dos piores desastres ambientais do país também inclui o biólogo Luiz Fernando de Souza, assessor técnico do MP Estadual desde 2007. Seu trabalho será diagnosticar a degradação do ambiente e apresentar alternativas para mitigar o impacto provocado pela lama.
O promotor de Justiça de Minas Gerais Carlos Eduardo Ferreira Pinto, um dos integrantes da força-tarefa, afirma que o grupo de promotores e procuradores se concentra, até o momento, na análise do processo de licenciamento ambiental da barragem rompida em Mariana.
- Seria prematuro adiantar algo conclusivo, por enquanto. Mas posso adiantar que identificamos a ausência de estudos relevantes, e que algumas estruturas foram licenciadas de forma equivocada. Isso demonstra a ineficácia do licenciamento como ferramenta de gestão ambiental. Também percebemos uma falta de fiscalização generalizada - conta Pinto.
Além da força-tarefa dos MPs, que se concentra na parte cível, a tragédia de Mariana também vem sendo investigada pela Polícia Federal e pela Polícia Civil, o que deverá resultar em um inquérito criminal.