Demitido do Comando Militar do Sul depois de criticar políticos e pedir "o despertar de uma luta patriótica", o general Antonio Hamilton Martins Mourão estampa um boneco inflável no gramado em frente ao Congresso Nacional. A peça de 12 metros de altura foi colocada por manifestantes que pregam a saída da presidente Dilma Rousseff e a intervenção militar.
Remoção de general inquieta militares
Mantido por geradores, o boneco com o rosto do general traz a imagem de um militar fardado, que bate continência e enverga a faixa presidencial com a inscrição "Brasil acima de tudo". Na farda aparece o nome "Mourão".
- É uma homenagem ao general pela sua postura em favor da defesa da democracia - afirma o advogado Antônio José Ribas Paiva.
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Segundo Paiva, o boneco custou cerca de R$ 7 mil e foi fabricado em São Paulo. A peça foi posicionada de frente para o Congresso e virou atração entre as pessoas que passam pelo acampamento criado no gramado da Esplanada, que recebe manifestações diárias contra o governo. O espaço tem sido visitado por políticos de oposição, como o deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ). Por ora, não há previsão de retirada do boneco.
- O boneco fica até que se resolva esse impasse criado pela falta de legitimidade do governo e pelo desejo do povo por democracia - diz Paiva.
Comandante do Exército afasta general que pediu "despertar de luta patriótica"
Presente no acampamento, o gerente de vendas Daniel Barbosa diz que o objetivo dos protestos "é acabar com o crime político organizado e com o aparelhamento dos poderes". Para ele, a intervenção seria uma saída.
- Seria uma organização do povo para derrubar esse governo, que não representa a sociedade, pelos meios constitucionais. Isso vai haver conforme rege a Constituição, se as instituições não tiverem mais independência, e acho que é fácil de o povo notar. Não existe independência dos poderes.
A homenagem a Mourão é um desagravo ao general, demitido do Comando Militar do Sul no final do outubro. Em uma palestra, ele distribuiu críticas aos políticos e disse que a eventual saída de Dilma não traria grandes mudanças, mas que a "vantagem" seria "o descarte da incompetência, da má gestão e da corrupção".
Na mesma fala, Mourão pediu "o despertar de uma luta patriótica". Palácio do Planalto, Ministério da Defesa e Comando do Exército não gostaram das afirmações, e a irritação foi reforçada quando o Comando Militar do Sul decidiu realizar uma homenagem póstuma ao coronel Brilhante Ustra, apontado pela Comissão da Verdade como torturador.
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O desconforto na caserna resultou na transferência de Mourão para a Secretaria de Economia e Finanças do Exército, em Brasília. O general Edson Leal Pujol substituiu o colega no Comando Militar do Sul.
*Zero Hora