O empresário caxiense Maurício Calcagnotto Garcia, 34 anos, jantava em casa com a noiva, a gaúcha Nicolle Thomas, 34, e seis amigos quando ocorreram os atentados simultâneos em Paris, onde vive há cinco anos. Explosões e tiroteios, na sexta-feira, causaram mais de cem mortes e deixaram 352 feridos, segundo o procurador de Paris François Molins.
Garcia e os amigos assistiam pela televisão um jogo amistoso entre as seleções da França e Alemanha, que ocorria no Stade de France, em Saint-Denis, quando três explosões foram ouvidas pelos torcedores nas proximidades do estádio. Com medo dos estrondos, os torcedores invadiram o gramado ao ouvir os barulhos.
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- Estávamos conversando, a TV estava sem som. Começamos a receber mensagens pelo Whatsapp, Facebook, e até mensagens de texto de amigos e familiares daqui e do Brasil, perguntando se estávamos bem. Ouvimos muitos carros de polícia passando. Ficamos até as 2h assistindo a cobertura ao vivo pela televisão - lembra.
Dos seis amigos, dois foram para suas casas e quatro dormiram no apartamento de Garcia porque precisariam passar pelos locais dos atentados para irem embora. A população recebeu toque de recolher.
- A única vez que eu saí de casa hoje (neste sábado) foi para correr num parque. A cidade estava bem vazia. Muitas lojas estão fechadas. O que está aberto quase não tem movimento. As pessoas estão assustadas, abaladas - continua.
A França decretou estado de emergência e fechou as fronteiras do país. A polícia está instruindo os moradores a ficarem em casa. Garcia também estava em Paris em janeiro, quando ocorreram os atentados jihadistas contra a revista satírica Charlie Hebdo.
- Foi um caos, mas este foi muito maior. O que vejo os especialistas na TV dizendo é sobre o perigo de atentados isolados, de outros grupos que poderiam se aproveitar dessa situação para algum ataque, mas esse perigo é baixo, já que o país está em alerta. Acho que a ficha do que isso representa só vai cair um tempo depois - resume.
O irmão do empresário, Adriano Calganotto Garcia, 33, estava em casa vendo televisão quando os ataques ocorreram. Ele reside em Sorocaba, São Paulo. O restante da família - pais e a irmã mais velha - mora em Porto Alegre.
- Na hora mandei mensagem para ele, liguei para a mãe, que também estava tentando contato. Em menos de cinco minutos ele respondeu, mas ficamos preocupados - relembra.
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Atentados em Paris
Mais de cem pessoas morreram na noite desta sexta-feira, em Paris, na França, após uma série de ataques terroristas em diversos locais da capital francesa. Tiroteios e explosões ocorreram de maneira coordenada em pelo menos seis lugares, segundo o jornal Le Monde, que cita uma fonte judicial: no Boulevard Voltaire, em frente ao bar La Belle, Bataclan, na Rua de la Fontaine, no bar Carillon e no Stade de France. Pelo menos cinco terroristas foram "neutralizados" à noite. A informação foi anunciada por François Molins, procurador de Paris.
Logo após os ataques, o Itamaraty confirmou dois brasileiros entre os feridos nos atentados. Parisienses descrevem como "estado de guerra" a situação da capital francesa no momento, alertando para um possível crescimento da onda xenófoba, ultranacionalista e de extrema direita no país, que está a três semanas das eleições regionais.
O presidente francês, François Hollande, decretou estado de emergência e fechou as fronteiras do país. Moradores são aconselhados a não deixarem suas casas. Todos os locais públicos, como escolas, museus e bibliotecas, permanecerão fechados neste sábado em Paris. O presidente pediu confiança à população francesa e garantiu que as autoridades do país devem ser "duras e serenas" para "vencer os terroristas".
O presidente norte-americano Barack Obama também se pronunciou após os ataques, garantindo apoio à França e descrevendo as ações como "ataques contra a humanidade". Pelo Twitter, a presidente do Brasil, Dilma Rousseff,se disse "consternada pela barbárie terrorista" e expressou seu "repúdio à violência" e "solidariedade ao povo francês".