Passava das 18h desta sexta-feira, pelo horário brasileiro, quando duas explosões foram ouvidas no ambiente do Stade de France, histórico palco da conquista da seleção francesa na Copa do Mundo de 1998. Os Les Bleus, como é conhecido o selecionado do futebol da França, enfrentava a Alemanha. Eram apenas 16 minutos do primeiro tempo quando emanou o primeiro estrondo. O segundo veio apenas três minutos depois. Parte do público, sem imaginar o que acontecia, chegou a vibrar.
VÍDEO: explosões são ouvidas dentro do Stade de France
- Opa, estourou um rojão aí - disse o narrador do jogo pelo canal brasileiro Sportv.
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Não demorou para as autoridades do país descobrirem que não se tratava de algazarra de torcedor. No total, foram três explosões no entorno do estádio. Homens-bomba acionaram artefatos nos arrabaldes do portão J do Stade de France, do lado externo, matando pelo menos três pessoas, segundo Noel Le Graet, presidente da Federação Francesa de Futebol.
O presidente do país europeu, conhecido como berço da democracia, estava assistindo ao jogo em áreas reservadas para autoridades. François Hollande foi retirado do local no intervalo, já com a certeza de que a França estava, mais uma vez, sob ataque terrorista.
Do palco da Copa dos Les Bleus, agora manchado pelo sangue da intolerância, partiu para reuniões no Ministério do Interior. De lá, foram emitidas as primeiras ordens: na sexta-feira à noite, as fronteiras da França foram fechadas, a Praça da República foi evacuada, grandes avenidas ficaram vazias e isoladas, estado de emergência foi decretado em Paris. A população foi orientada a não sair de casa.
Veja como os jornais pelo mundo noticiam os atentados em Paris
Aos poucos, a aterradora verdade foi revelada. Os parisienses - e também a região metropolitana, já que o Stade de France fica em Saint-Dennis, nos arredores da capital - estavam sob um conjunto de atentados simultâneos e orquestrados: casa de shows, bares, restaurantes. Conforme relatos, a sensação era de que ninguém estava a salvo.
Ao total, foram sete atos terroristas, com pelo menos 149 mortos. Dos assassinatos, um grupo de cerca de cem foi vitimado na carnificina do teatro Bataclan, um dos mais famosos e tradicionais da cidade. A banda Eagles of Death Metal, dos Estados Unidos, fazia uma apresentação para cerca de 1,6 mil pessoas. Apesar do nome fazer referência ao death metal, o grupo é do gênero rock alternativo e conta com a participação de Josh Homme, famoso líder do Queens of the Stone Age - que já se apresentou no Rock in Rio duas vezes.
Pelo menos cinco terroristas foram "neutralizados", diz promotoria francesa
Apesar de membro do grupo, Homme não estaria no show. Já na madrugada francesa, os empresários do Eagles of Death Metal tentavam descobrir se os músicos haviam escapado com vida.
- Ainda estamos tentando determinar a segurança e paradeiro de todos da banda e equipe. Nossos pensamentos estão com todas as pessoas envolvidas nessa trágica situação - dizia um comentário postado no Twitter e Facebook do Eagles of Death Metal após o episódio.
Hollande declara "estado de urgência" e fecha as fronteiras da França
Dentro do Bataclan, casa de espetáculos fundada em 1895, terroristas fizeram parte do público de refém. Eles teriam entrado no local disparando a esmo com fuzis kalashnikovs. Depois, promoveram execuções por cerca de 15 minutos. Uma operação das forças de segurança da França foi colocada em curso. Explosões e tiros ecoaram na região. O local foi invadido pela polícia - a operação durou 10 minutos - e três terroristas acabaram mortos.
Todos os relatos indicam que o cenário era de matança. A situação levou Hollande mais uma vez ao cenário do terror: o presidente foi ao Bataclan. Horas depois dos atentados, nenhum grupo havia reivindicado a autoria. Mas começaram a surgir, cada vez mais, notícias apontando que o ataque era múltiplo e coordenado.
Marcelo Rech: a amplificação do terror
Próximo ao 10º distrito de Paris, na região da Praça da República, tiros de fuzis deixaram mais mortos e feridos. Eram centenas de disparos, segundo relato de testemunhas. O mesmo ocorreu no restaurante Le Petit Cambodge. Outro tiroteio foi no boulevard Voltaire. Na barbárie em série, dois homens atiraram várias vezes após entrar no bar Le Carillon. Disparos a esmo também foram feitos, depois dos demais atentados, em um shopping no Les Halles de Paris, no coração da cidade.
Atentados em Paris
Mais de cem pessoas morreram na noite desta sexta-feira, em Paris, na França, após uma série de ataques terroristas em diversos locais da capital francesa. Tiroteios e explosões ocorreram de maneira coordenada em pelo menos seis lugares, segundo o jornal Le Monde, que cita uma fonte judicial: no Boulevard Voltaire, em frente ao bar La Belle, Bataclan, na Rua de la Fontaine, no bar Carillon e no Stade de France. Pelo menos cinco terroristas foram "neutralizados" à noite. A informação foi anunciada por François Molins, procurador de Paris.
Logo após os ataques, o Itamaraty confirmou dois brasileiros entre os feridos nos atentados. Parisienses descrevem como "estado de guerra" a situação da capital francesa no momento, alertando para um possível crescimento da onda xenófoba, ultranacionalista e de extrema direita no país, que está a três semanas das eleições regionais.
O presidente francês, François Hollande, decretou estado de emergência e fechou as fronteiras do país. Moradores são aconselhados a não deixarem suas casas. Todos os locais públicos, como escolas, museus e bibliotecas, permanecerão fechados neste sábado em Paris. O presidente pediu confiança à população francesa e garantiu que as autoridades do país devem ser "duras e serenas" para "vencer os terroristas".
O presidente norte-americano Barack Obama também se pronunciou após os ataques, garantindo apoio à França e descrevendo as ações como "ataques contra a humanidade". Pelo Twitter, a presidente do Brasil, Dilma Rousseff,se disse "consternada pela barbárie terrorista" e expressou seu "repúdio à violência" e "solidariedade ao povo francês".
*Zero Hora