O conselheiro da Embaixada do Haiti no Brasil em Brasília, Jackson Bien Aime, foi recebido pelo comando da Brigada Militar de Flores da Cunha na tarde desta terça-feira. A intenção dele era tentar esclarecer o que aconteceu com o haitiano Jean Wesly Moriseme, 28 anos, morto com um tiro na semana passada, e saber o andamento da investigação, além de prestar apoio aos familiares da vítima.
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Moriseme foi morto pela polícia na noite de quarta-feira. Durante a manhã, ele teria provocado confusões no Centro de Caxias, fato relatado por outros haitianos, mas não confirmado pela polícia. À tarde, retornou para Flores da Cunha e brigou com outros dois haitianos na frente da rodoviária, o que resultou em prisão. Depois dessa ocorrência, Moriseme se envolveu em uma série de desordens e brigas ao longo do dia até ser baleado por PMs por volta das 23h30min. Essa é a versão da Brigada Militar (BM) a partir do depoimentos de PMs envolvidos no caso. Por essa versão, ele levou um tiro na perna e morreu no hospital em decorrência do ferimento.
- O que temos é que um jovem haitiano morreu de forma violenta. Agora precisamos esperar a conclusão da investigação - diz o conselheiro.
"Ele tinha depressão forte", conta vizinha de haitiano morto em Flores da Cunha
Na capela da Funerária CCR, o conselheiro se encontrou com Jean Frandi Moriseme, irmão do haitiano morto. Os dois conversaram durante alguns minutos enquanto aguardavam a chegada de um pastor para realizar uma cerimônia fúnebre antes do sepultamento, previsto para ocorrer ainda nesta terça, em Flores. Jean Frandi disse ao Pioneiro, por meio de uma tradutora, que o irmão estava bem até a terça-feira, dia 6. No dia em que foi morto ele começou a apresentar um comportamento diferente.
O irmão confirmou que Jean Wesly passou por tratamento, em função de problemas supostamente psiquiátricos, e recebeu alta do hospital há alguns meses. Na quarta, o haitiano saiu de casa e não voltou. O irmão foi procurá-lo, mas não teve sucesso. Só mais tarde soube que ele havia se envolvido em uma confusão no centro da cidade.
A visita do conselheiro é acompanhada por duas representantes do setor jurídico da Associação dos Imigrantes Haitianos de Caxias do Sul. O órgão não se pronunciará sobre o caso até a conclusão da investigação. Segundo a assistente social, Danielle Valentini, coordenadora do Centro de Referência em Assistência Social (Cras), Jean Wesly trabalhava em uma empresa de alumínios da cidade. Ele enviava parte do salário para os pais, a esposa e um filho de três anos que estão no Haiti.