Morreu, na madrugada desta quinta-feira, em Brasília, o coronel reformado Carlos Alberto Brilhante Ustra. Gaúcho nascido em Santa Maria, ele tinha 83 anos e estava internado no Hospital Santa Helena, em Brasília, para tratamento de um câncer. Foi o primeiro militar brasileiro reconhecido pela Justiça como torturador.
A assessoria de imprensa do hospital confirmou a morte de Ustra, mas não divulgou detalhes. O coronel reformado fazia quimioterapia e estava com a imunidade baixa. Ele já havia sido internado no Hospital das Forças Armadas em abril deste ano.
Nos três anos e quatro meses em que comandou o Destacamento de Operações de Informações do Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-Codi), na década de 1970, em São Paulo, 502 pessoas teriam sido torturadas no local e 50, mortas pelo órgão. O DOI-Codi era o principal órgão de repressão da ditadura militar.
Ex-presos políticos rebatem declarações de Ustra sobre repressão
Ustra sempre negou todas as acusações, apesar dos inúmeros relatos de ex-presos e até de ex-agentes. Em entrevista concedida a ZH, em sua casa, em março de 2014, ele admitiu, pela primeira vez publicamente, a possibilidade de "excessos". Reconheceu o codinome de Doutor Tibiriçá e afirmou que participava dos interrogatórios de militantes presos pelo regime.
Após a publicação da entrevista, o presidente do Movimento de Justiça e Direitos Humanos (MJDH), Jair Krischke, disse considerar a fala de Ustra como a "confissão de um contumaz torturador".
Manifestantes protestam em frente à casa de Ustra em Brasília