Os bancários em greve protagonizaram uma manifestação inusitada na tarde desta quarta-feira, no Centro de Porto Alegre. Com maquiagem especial, eles se fantasiaram de zumbis para uma caminhada nas principais vias da região central. No nono dia de paralisação nacional, o objetivo da "Zumbi Walk" foi chamar a atenção para a saúde dos trabalhadores.
A passeata durou cerca de uma hora, com início na Rua Caldas Júnior. Em seguida, passou pela Avenida Siqueira Campos, pela General Câmara, pela Sete de Setembro e se encerrou na Av. Borges de Medeiros, na Esquina Democrática.
Bancários paralisaram durante nove meses nos últimos 12 anos
- As más condições de trabalho estão provocando o adoecimento dos bancários. O protesto serviu para denunciar esse problema, atrelado a nossa campanha salarial - afirma Ana Guimaraens, diretora de comunicação do sindicato e uma das idealizadoras do "Zumbi Walk".
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De acordo com o SindBancários, a pesquisa "Trabalho e Saúde Mental da Categoria Bancária do Rio Grande do Sul" apontou que 49,7% dos funcionários do setor apresentaram um transtorno mental comum, contra 30,2% da população mundial. O estudo indicou ainda que 50% dos bancários utilizam algum medicamento, sendo que 26,3% tomam pelo menos um tipo de medicamento psiquiátrico.
- A jornada de trabalho, muitas vezes, é de dez horas ou mais. Não existe essa história de seis horas. O bancário sai como um zumbi do trabalho - relata Luciano Fetzner, funcionário do Banrisul.
Além de chamar a atenção para a saúde dos trabalhadores, os bancários também carregavam faixas da campanha salarial da categoria.
A proposta da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), segundo os bancários, é de 5,5%, mais um abono de R$ 2,5 mil em uma única parcela. A categoria reivindica reajuste de 16%, vale-refeição de R$ 34,06 ao dia, 14º salário e melhores condições de trabalho, com o fim das metas, consideradas abusivas.
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- Viemos com disposição de negociar, e a Febraban provocou os bancários com a proposta apresentada. Todo dia aumenta a indignação da categoria. Estão querendo nos matar no cansaço, mas eles não nos conhecem. Hoje (quarta) demos um exemplo da nossa mobilização. Os bancários não vão se entregar sem uma proposta decente - destacou o presidente do SindBancários, Everton Gimenis.
Conforme o levantamento mais recente do SindBancários, já são 1.037 agências fechadas em todo o Rio Grande do Sul. Na Região Metropolitana de Porto Alegre, a adesão é de 408 estabelecimentos.
*Zero Hora