O governador José Ivo Sartori e o deputado estadual Alvaro Boessio, líder do PMDB na Assembleia Legislativa, foram os alvos preferenciais dos servidores públicos nas mobilizações do quarto dia de greve do funcionalismo.
Na Capital, representantes de 44 categorias lotaram uma audiência pública sobre o Projeto de Lei Complementar (PLC) 206, na Assembleia, e realizaram um ato público contra o governo diante do Piratini durante a tarde desta quinta-feira.
Enquanto os manifestantes gritavam e sopravam apitos na Praça da Matriz, em Porto Alegre, a Brigada Militar confirmava que 19 quartéis em 17 cidades gaúchas estavam bloqueados por familiares de PMs e impediam a saída de viaturas. Em Santa Vitória do Palmar, no sul do Estado, um protesto contra o parcelamento de salários teve queima de pneus e danificou uma agência do Banrisul.
Em protesto ao parcelamento de salários, queima de pneus danifica agência do Banrisul em Santa Vitória do Palmar
Policiais civis decidem estender paralisação até sexta
Deputados de oposição e representantes do funcionalismo criticaram o PLC 206, durante audiência na Assembleia, por entender que ele limita a capacidade de investimento do Estado e ameaça reajustes aos servidores. Em diversos discursos de parlamentares e líderes sindicais, a proposta - tratada pelo Piratini como uma receita para alcançar o equilíbrio financeiro das contas públicas - foi considerada um mecanismo para barrar reajustes e achatar salários.
- Se esse projeto passar, será um arrasa-quarteirão para o serviço público como um todo, além de reduzir a amplitude de ação do governo - discursou o presidente do Sindicato dos Escrivães, Inspetores e Investigadores de Polícia do Estado (Ugeirm-Sindicato), Isaac Ortiz.
Durante o encontro, os servidores fizeram um minuto de vaia destinada ao líder do PMDB na Assembleia, deputado Álvaro Boessio, por ter utilizado a expressão "vadios" para se referir a funcionários públicos. Em seguida, a deputada Stela Farias (PT), que propôs a audiência, colocou em votação simbólica um documento que pede ao governo a retirada do PLC 206 da Assembleia.
Pouco depois das 14h, uma comissão de parlamentares e líderes sindicais entregou o papel ao chefe da Casa Civil, Márcio Biolchi. Biolchi afirmou que não seria possível retirar a proposta da pauta, e disse apenas que ela não tramitaria com urgência.
Logo depois de solicitar a retirada do PLC 206 à Casa Civil, os servidores realizaram um ato público diante do Palácio Piratini. Convocado pelo Cpers e apoiado por todas as 44 categorias que participam do movimento unificado do funcionalismo gaúcho, o protesto reuniu milhares de pessoas que carregavam faixas e cartazes contra Sartori e sopravam apitos.
Líder dos professores no Paraná, onde a categoria foi duramente reprimida pela polícia do governador Beto Richa (PSDB), Marlei Fernandes de Carvalho prestou solidariedade aos colegas gaúchos. Sobre um caminhão de som, Marlei discursou:
- Temos de unificar cada vez mais os servidores para barrar projetos que queiram retirar direitos ou aumentar impostos.
Os manifestantes também voltaram a vaiar, durante um minuto, o deputado Álvaro Boessio pelo uso do termo "vadios".
- Eu não sou vadia, sou professora e exijo respeito - desabafou a diretora da escola Otávio Mangabeira, Simone Biscaino.
Um grupo de professoras da Otávio Mangabeira levou doces e salgados para vender durante a manifestação, os quais chamaram, ironicamente, de "quitutes dos vadios". Segundo elas, foi uma forma de protesto e também de conseguir algum dinheiro, já que tiveram o salário parcelado.
Uma nova assembleia dos servidores está marcada para as 14h de sexta-feira. O objetivo é decidir o rumo da mobilização. Em reunião na quarta-feira, os professores optaram por manter a paralisação até o dia 11 de setembro, quando deverá ser paga a segunda parcela dos vencimentos de agosto.
Veja como foi o dia de mobilização na Capital: