As manifestações contra o atraso de salários levou agentes penitenciários a paralisar as atividades de transporte de presos para fóruns, restringindo transferências entre cadeias e a suspendendo audiências judicias e julgamentos.
Ontem, no primeiro dia de mobilização, 253 movimentações foram canceladas, conforme levantamento da Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe) nas cerca de 100 casas prisionais no Estado. O trabalho nas cadeias, de acordo com a Susepe, respeita o limite mínimo de 30% de servidores.
Para hoje, a tendência é piorar o quadro de remoção de presos. No Foro Central de Porto Alegre, por exemplo, uma das áreas afetadas deverá ser a 2ª Vara do Júri, que à tarde tem uma extensa pauta de coleta de depoimento de apenados acusados de homicídios.
A partir de amanhã, o protesto dos agentes vai limitar o ingresso de visitantes nas cadeias, que funciona quarta e quinta-feira, além de sábado e domingo. A ideia é proibir que familiares levem comida, roupas e materiais de higiene pessoal e limpeza, pois são considerados produtos que o Estado tem obrigação de fornecer aos presos. Só está prevista a liberação de entrada de medicamentos.
O agentes também não descartam uma medida ainda mais radical: abandonar os presídios, o que obrigaria ao Estado a convocar forças policiais militares para guarnecer as cadeias como ocorreu durante uma greve, em 2002.
- Existe a disposição de entregar as chaves das cadeias, mas a decisão ainda não foi tomada - afirma Cláudio Fernandes, secretário-geral do Sindicato dos agentes penitenciários do Estado (Amapergs).