Com o pagamento da quarta e última parcela do salário dos servidores públicos estaduais na última terça-feira e a promessa de que os salários de setembro não serão parcelados, já que a Assembleia Legislativa aprovou a ampliação do uso dos depósitos judiciais de 85% para 95% na madrugada de quarta, a tendência é que os serviços afetados sejam normalizados. Representantes da Polícia Civil em Santa Maria afirmam que os trabalhos serão retomados.
Depósitos judiciais só garantem pagamento dos servidores em dia em setembro, diz Piratini
- A orientação, como houve integralização do subsídio, é que voltemos à normalidade, só não sei por quanto tempo - diz a coordenadora regional da Associação dos Delegados de Polícia (Asdep), delegada Débora Dias.
Isso porque o Piratini declarou que, apesar dos depósitos judiciais injetarem R$ 1 bilhão aos cofres do Estado, esse valor é suficiente para pagar os servidores em dia apenas em setembro. Então, ao final de outubro, quando será pago os salários do mês, pode haver novos protestos.
- Esse R$ 1 bilhão garante a folha de pagamento na medida em que representa um pouco mais do que custa a folha de pagamento líquida tão somente do Executivo, que gira em torno de R$ 950 milhões mensais. Mas é óbvio, temos os meses vindouros - explica o secretário da Fazenda, Giovani Feltes.
Por outro lado, para o representante do Sindicato dos Escrivães, Inspetores e Investigadores de Polícia (Ugeirm), Pablo de Souza Mesquita, o parcelamento dos salários não é a única reivindicação dos servidores e que a chamada Operação Padrão deve continuar até a votação do Projeto de Lei Complementar 206/2015, que, entre outras coisas, prevê o congelamento do aumento de salários e promoções e novas nomeações.
- Continua do mesmo jeito, agora vamos pressionar para a não aprovação da PL 206 - reforça Mesquita.
Trabalho prejudicado
Segundo o titular da 3ª Delegacia Regional, que é responsável por Santa Maria e outros 20 municípios da região, Sandro Meinerz, a Delegacia de Polícia de Pronto-Atendimento (DPPA) deve registrar novamente todo o tipo de ocorrências, apesar de a orientação ser de que casos não urgentes sejam registrados pela Delegacia Online.
Para Meinerz, o trabalho da polícia foi afetado diretamente e pode ser que muitos crimes não tenham resolução:
- Espero que não ocorra mais esses parcelamentos para que consigamos atender às investigações. Com a menor presença do Estado nas ruas, e com a paralisação da Polícia Civil, os fatos aconteceram e ficamos sem capacidade de responder adequadamente. Vamos correr atrás disso, mas, pela gama de ocorrências, há coisas que não vamos conseguir reverter. Roubos que não tiveram autoria identificada dentro de 10 dias, talvez nem sejam retomadas. A investigação é um trabalho contínuo, e quando se quebra isso, é difícil de reverter - enfatiza.