Poucas horas depois da divulgação da prisão do ex-ministro José Dirceu, na 17º fase da Operação Lava-Jato, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso fez um discurso para estudantes exaltando as "instituições" que estão combatendo a corrupção.
- As instituições começam a funcionar de uma maneira mais eficiente. Não obstante ao volume de corrupção, que é brutal, alguns responsáveis estão na cadeia, os tribunais começam a funcionar e a polícia começa a prender quem antes não era preso. Os procuradores acusam e a imprensa divulga - disse FHC aos estudantes da primeira turma da Escola Superior de Propaganda e Marketing, na manhã desta segunda.
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- A democracia está trabalhando e as instituições estão começando a fazer contrapeso à cultura brasileira, que é de arbítrio - concluiu o tucano.
Eleito em 1994 e reeleito em 1998, Fernando Henrique Cardoso lembrou aos estudantes que foi o "primeiro presidente eleito que não caiu" e fez críticas à atual presidente, Dilma Rousseff.
O ex-presidente exaltou a chegada ao poder de movimentos sociais na Espanha, mas disse que no Brasil os partidos ainda não conseguiram entender esse fenômeno.
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Ao deixar o teatro em São Paulo, onde deu palestra a estudantes universitários, o ex-presidente foi questionado por jornalistas sobre a prisão do ex-ministro. Sem parar para entrevista, FHC respondeu, com ironia: "eu nem estava sabendo".
Lei de conteúdo nacional
Falando a estudantes sobre a necessidade de o país conectar sua produção à produção global, FHC criticou o governo Dilma e a Lei de Conteúdo Nacional para a exploração de petróleo. O tucano disse que a presidente implanta política como se país estivesse "nos anos 30" ou "nos anos 70, como (Ernesto) Geisel".
- É bom ter indústria nacional, mas não adianta forçar. Só pode produzir petróleo se tiver 65% feito aqui. Como não tem condições, o governo começa a emprestar dinheiro, começam empresas fictícias que não conseguem qualidade, atrasa tudo e não funciona.
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Ainda durante sua palestra, Fernando Henrique Cardoso se classificou como "um otimista, mas não ingênuo". FHC ressaltou a evolução de dados socioeconômicos do país durante suas mais de oito décadas de vida, mas disse que o "momento é péssimo".
- O momento é péssimo, mas isso é conjuntura. Não necessariamente vai ser sempre assim - disse o ex-presidente. O tucano disse que não acha "necessário" o movimento de brasileiros de classe alta e média alta que, descontentes com o governo, pensam em deixar o país.
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*Estadão Conteúdo