O recepcionista de hotel Vandré Centeno do Carmo, 25 anos, assassino confesso de Cíntia Beatriz Lacerda Glufke, 34 anos, apresentou à Polícia Civil gravações de conversas via WhatsApp, na qual ele seria ameaçado por ela.
A ofensa a Vandré é um dos motivos alegados por ele para esquartejar Cíntia em 7 de agosto, em Porto Alegre. A mulher foi agredida na cabeça, possivelmente com uma machadinha, e depois teve braços e pernas serrados.
O tronco foi enterrado no pátio da casa de Vandré, e os membros escondidos em uma, mala jogado em um lixão, em São Joaquim (SC). Vandré viajou para casa de parentes de uma amiga, uma idosa, que ele conheceu em um templo evangélico. A mulher não saberia do crime.
Nos áudios, cerca de 10, só se escuta a voz de Cíntia. Em tom furioso, ela disse que faria um escândalo no hotel onde ele trabalhava e que Vandré "nunca entraria na aviação" - sonho profissional do jovem que fez dois cursos para comissário de voo, sendo que em um deles conheceu Cíntia.
Em uma das conversas, revoltada, Cíntia, que fora colega de trabalho de Vandré, deixa a entender que os dois tiveram um caso e estaria pressionando ele a reatar a relação.
Cíntia, mineira de Uberaba, era casada havia 12 anos com o programador de informática Thomas Glufke, 34 anos. O casal se conheceu por meio de uma rede social da Igreja Mórmon. Nos últimos meses, os dois estariam vivendo uma crise conjugal. No dia do crime, Thomas estava em viagem a trabalho aos Estados Unidos.
Vandré prestou depoimentos à 5ª Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (5ª DHPP) com uma série de contradições. Primeiro alegou que matou Cíntia por causa das ameaças. Depois disse que agiu com o microempresário de Novo Hamburgo Werner Glufke, 65 anos, sogro de Cíntia.
Muitas perguntas sem respostas
Segundo Vandré, Werner estaria revoltado com as traições supostamente sofridas pelo filho Thomas. Essa revelação levou a Justiça a decretar a prisão preventiva de Vandré e Werner na semana passada. Em uma terceira versão, Vandré apontou um amigo, morador de Caxias do Sul, como participante do crime, mas que agiram a mando de Werner.
- A prisão do senhor Werner é grande erro. Ele é um líder religioso mórmon. Não tem qualquer envolvimento na morte da Cíntia. Ele (Werner) nunca viu o Vandré, nunca se falaram. Isso é fruto de uma mente ardilosa, assassina, com alguma finalidade que precisa ser esclarecida - garantiu o advogado Jamil Abdo, defensor de Werner.
O advogado disse que, no dia do crime, Werner teve intensa atividade, em hospital, lar de idosos, almoçou em restaurante, o que seriam provas de que não saiu de Novo Hamburgo. Jamil reconheceu que Thomas e Cíntia passavam por um estremecimento conjugal.
Conforme o advogado, na véspera da morte, o sogro convidou a nora para um almoço familiar, no qual conversaram amigavelmente, tentando resolver os problemas, inclusive tirando fotos do encontro e as enviando para Thomas, que estava nos Estados Unidos.
- Existem muitas perguntas sem respostas. Temos certeza do que Vandré não agiu sozinho - assegura o delegado Paulo Rogério Grillo, diretor da DHPP.
Imagens mostram homem saindo com parte do corpo em mala
As imagens na rodoviária da Capital foram registradas na sexta-feira, 7 de agosto, por volta das 19h30min. Ele teria desembarcado em São Joaquim ainda na noite da sexta e, na madrugada de sábado, abandonou a mala em um terreno da cidade. Dois dias depois, o objeto foi encontrado por um catador de latas, que informou a polícia.
* Zero Hora