O engenheiro Hamylton Padilha, um dos delatores da Operação Lava-Jato, pagará multa no valor de R$ 70 milhões, valor que deverá ser destinado aos cofres da Petrobras. A primeira parcela, de R$ 24 milhões, será depositada em juízo quarenta dias após a homologação do acordo de delação que Padilha firmou com a força-tarefa do Ministério Público Federal. O pacto foi autorizado pelo juiz Sérgio Moro no dia 28 de julho.
As parcelas seguintes, no montante de R$ 23 milhões, serão quitadas a cada três meses, prevê cláusula do contrato de delação firmado por Hamylton Padilha, que revelou os bastidores de uma propina acertada de US$ 31 milhões na contratação do navio-sonda Titanium Explorer, em 2008. Padilha confessou "graves irregularidades" envolvendo a contratação pela Diretoria Internacional da Petrobras.
Na ocasião, revelou Padilha, a Internacional era dirigida por Jorge Luiz Zelada, preso em 2 de julho pela Conexão Mônaco, sob acusação de corrupção, lavagem de dinheiro e evasão de divisas. Zelada teria depositado em Mônaco 20 milhões de euros. "O valor referente à multa compensatória cível será depositado à conta do Juízo homologatório em 3 parcelas, com vencimento da primeira parcela para 40 dias após a homologação deste acordo, no valor de R$ 24 milhões, e as seguintes, no valor de R$ 23 milhões a cada 3 meses", impõe o termo de delação de Hamylton Padilha.
O acordo do engenheiro foi homologado em 28 de julho pelo juiz federal Sérgio Moro, que conduz as ações penais da Lava-Jato. A cláusula 14 A impõe a Padilha que "sem malícia ou reservas mentais esclarecerá espontaneamente todos os esquemas criminosos que tenha conhecimento". A cláusula 14 B é taxativa. O delator terá de "falar a verdade incondicionalmente, em todas as investigações criminais, cíveis, administrativas, disciplinares e tributários, além de ações penais em que venha a ser chamado a depor na condição de testemunha ou interrogado".
Padilha relatou pagamento de propina na contratação do Titanium Explorer, feita entre a Petrobras e uma empresa estrangeira, representada por ele, a Vantage Drilling Corp. Segundo Padilha, um outro lobista o procurou. Ele disse que "foi abordado por Raul Schmidt que lhe informou que o negócio só prosseguiria com a diretoria da Petrobras Internacional se houvesse pagamento de propinas". Afirma ter sido avisado que "sem tais pagamentos era impossível a finalização da negociação".
A delação tem peso decisivo na investigação contra o ex-diretor da Petrobras Jorge Zelada. As declarações de Hamylton Padilha formam a base das provas contra Zelada. A Procuradoria da República aponta que houve pagamento de propinas que somaram US$ 20,8 milhões sobre um contrato de afretamento do navio-sonda Titanium Explorer. O acordo foi celebrado entre a sociedade americana Vantage Drilling com a Petrobras no valor de US$ 1,816 bilhão.
A propina inicial seria de US$ 31 milhões. No entanto, brigas societárias reduziram o valor, que teria sido pago em duas parcelas - uma de US$ 10,8 milhões para Zelada, Eduardo Musa (ex-gerente da Petrobras), e lobistas e outra de US$ 10 milhões, para o PMDB, segundo o Ministério Público Federal.