O único encontro que os gestores da saúde das três esferas de governo _ município, Estado e União _ haviam feito até então, nesses dois anos e meio, para discutir os serviços de atendimento aos sobreviventes e familiares da Kiss, ocorreu em setembro de 2013.
Sobreviventes reclamam da falta de atendimento
De lá para cá, a Associação dos Familiares das Vítimas e Sobreviventes da Tragédia de Santa Maria (AVTSM) recebeu muitos relatos de pacientes com dificuldades em relação a algum tipo de serviço.
Em maio deste ano, uma audiência pública realizada pela Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa concluiu que havia a necessidade de repactuar os atendimentos. A partir daí, foi organizado o evento Desastre da boate Kiss: 2º Seminário Integrado de Atenção à Saúde e 1ª Mostra de Pesquisa sobre o assunto, que começou na sexta-feira e segue neste sábado, na sede da Apusm, no bairro Dores.
Relatórios dos serviços serão apresentados ao coordenador-geral de Média e Alta Complexidade do Ministério da Saúde, José Eduardo Fogolin, na manhã de sábado. As pesquisas sobre os temas relacionados devem ser ampliadas. Do encontro, deve ser elaborado um documento com a repactuação dos atendimentos, definindo o que caberá a cada e ente da federação daqui para frente.
As entidades que representam os familiares e sobreviventes _ AVTSM e Movimento Santa Maria do Luto à Luta _ sugeriram a criação de um Centro de Atenção Psicossocial (Caps) para assistência a vítimas de tragédias e de uma credencial que identifique os pacientes e possibilite agilidade no atendimento.
Um mapeamento capitaneado pela Secretaria de Direitos Humanos apontou, até dezembro de 2014, 2.053 pessoas atingidas pela tragédia no Estado, direta ou indiretamente. Destes, 82% já haviam sido reconhecidos como familiares de primeiro grau, segundo grau ou socorristas.
Na última terça-feira, a assessoria de imprensa da Secretaria de Justiça e Direitos Humanos disse que foi criado um programa pela Prossergs para armazenar e analisar esses dados, que foram repassados à Secretaria de Saúde do Estado para que fossem atualizados. Na sexta, a representante do Grupo Gestor do Cuidado às Vítimas da Kiss pela 4ª Coordenadoria Regional de Saúde, Bernadete Pereira, disse que é preciso fazer uma filtragem para verificar quem realmente tem relação com a Kiss.
_ A ferramenta da Prossergs servirá para fazer o monitoramento dos casos. Também vamos buscar as pessoas que não procuram os serviços, porque é nosso dever ofertá-los. Foi criado um grupo de redução de danos para ver em que políticas públicas as pessoas podem ser inseridas. Para isso precisamos saber quem é essa população _ explicou Bernadete.