Cinco famílias desabrigadas em razão de enchente do Rio Caí estão alojadas no Ginásio Centenário, em Montenegro. Segundo o secretário municipal de Habitação, Desenvolvimento Social e Cidadania, Juan Rocha, outras 15 famílias tiveram de deixar as suas casas e foram abrigadas por amigos e parentes na cidade.
A pensionista Carmelita de Vargas, 53 anos, nasceu e criou-se em no bairro Industrial, um dos mais atingidos pela cheia. Há dois dias, ela dorme em barracas de camping armadas dentro do Ginásio Centenário, ao lado da filha, do genro e dos dois netos - o filho de 18 anos foi o único que permaneceu em casa, para evitar que os pertences da família fossem roubados.
- Todo o ano tem duas ou três enchentes. A minha primeira foi na barriga da minha mãe - diz Carmelita, que se inscreveu no programa Minha Casa, Minha Vida para tentar livrar-se das cheias.
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Também alojados no ginásio, Matheus do Nascimento, 20 anos, e Anaína de Lima Dobrachinski, 16 anos, estão desolados. No fim da tarde desta quinta-feira (16), os poucos pertences do casal - um fogão, uma cama, uma geladeira e uma TV - resistiam à fúria do Caí dentro de uma frágil casa de madeira, sem telhas e coberta por uma lona plástica, amarrada por Matheus a uma árvore como forma de evitar que descesse rio abaixo, levada pela força das águas.
Temeroso em perder o pouco que conseguiu comprar quando trabalhava como servente de obra, o jovem desempregado arriscou-e e voltou à casa no fim da tarde para reforçar as amarras em torno da casinha de madeira. A esperança do casal é que o nível do Caí baixe nas próximas horas, possibilitando a retirada dos objetos do casebre.
- A família dele não tem condições de nos receber. A minha também não - lamenta Anaína.
Além dos desabrigados, centenas de famílias tiveram suas casas invadidas pelas águas, mas decidiram permanecer. Sem luz há três dias, o mecânico Anselmo Vicente, 57 anos, pediu ajuda a um vizinho, dono de um bote, para sair de casa na tarde desta quinta. À noite, terá de apelar novamente à solidariedade dos amigos para levar a mulher, que sofre de asma, para fazer nebulização na casa de parentes.
- O pessoal se une nessas horas - afirma Vicente.