Os sindicalistas e os adversários vão crucificar a presidente Dilma Rousseff por ter vetado a fórmula 85/95 como substituta do fator previdenciário, mas quem tiver juízo e cabeça fria concordará que a decisão é sensata e não prejudica os trabalhadores. Ao se comprometer em encaminhar ao Congresso uma medida provisória baseada na regra de 85 pontos (somando idade e tempo de contribuição) para as mulheres e 95 para os homens, mas com progressão baseada na expectativa de vida, Dilma evita uma derrota certa no Congresso, na hora da apreciação do veto.
Dilma veta fórmula 85/95 para aposentadorias e apresenta alternativa
Dilma poderia fazer média com os sindicatos e sancionar a mudança que o Congresso aprovou, mas estaria sendo tão irresponsável quanto os parlamentares do PSDB que renegaram a própria criação e ajudaram a implodir o fator previdenciário, barreira criada no governo de Fernando Henrique Cardoso para inibir as aposentadorias precoces.
A justificativa do Planalto para o veto é que a presidente agiu para garantir a sustentabilidade da Previdência Social a médio e longo prazos.
A MP deverá partir da combinação 85/95 e s subir anualmente, a partir de 2017 (86/96), até chegar a 90/100 em 2021. Significa que uma mulher que contribua pelo teto da Previdência (R$ 4,6 mil) poderá se aposentar com o valor máximo ao completar 85 pontos (55 anos de idade e 30 de contribuição, por exemplo). Em 2021, precisará de 90 pontos. De um homem serão exigidos 95 pontos na largada e 100 a partir de 2021(60 de idade e 40 de contribuição, por exemplo).
Mesmo que os números pareçam absurdos para quem se acostumou com a generosidade do sistema brasileiro e considera normal alguém se aposentar aos 50 anos, as futuras exigências estão bem abaixo dos limites vigentes nos países desenvolvidos, em que a idade mínima varia de 65 a 68 anos.
A incoerência de parte dos tucanos e dos líderes do PPS que pregam a derrubada imediata do veto é equivalente à dos petistas, que sempre criticaram o fator previdenciário de FH e agora terão de defender uma fórmula que, mesmo sendo mais branda, está distante dos discursos alinhados com a tese de que a Previdência é superavitária.
*Zero Hora