O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, admitiu nesta sexta-feira em Florianópolis que houve falha de comunicação e descompasso durante o processo da vinda de imigrantes haitianos aos estados do Sul.
A ação tomada pelo governo do Acre gerou protestos em Santa Catarina, principalmente da prefeitura de Florianópolis, que reclamou da falta de planejamento e de prévia comunicação às autoridades locais.
Cardozo acredita que o problema não se repetirá e prometeu uma série de medidas para melhorar a imigração ao Brasil, como intensificar a concessão de vistos em Porto Príncipe, no Haiti, e combater os coiotes que estão agindo.
- Temos 50 mil haitianos no Brasil, um número que não é tão expressivo assim. O que precisamos fazer é evitar que esses haitianos sejam vítimas de coiotes que integram organizações criminosas. Entregam milhares de dólares nesse caminho pelo Equador e Peru e depositam pessoas no Acre, que é a porta de entrada - lamentou o ministro em entrevista coletiva no hotel Majestic, no encerramento do encontro da cúpula de ministros da Justiça e do Interior dos países do Mercosul.
O ministro em nenhum momento se mostrou contrário à vinda dos imigrantes e ainda reforçou a tradição brasileira em receber estrangeiros:
- São colocados no Acre sem que o próprio estado tenha condições em mantê-los lá. No fundo eles não querem ficar no Acre, eles querem ir para outras cidades, em geral como se faz quando se deseja viver em outro lugar e o Brasil sempre teve tradição em acolher seus migrantes. Não há porque mudar essa lógica, só não podemos concordar com essa situação de organizações criminosas que exploram as pessoas e depositam com clara ofensas aos seus direitos numa porta de entrada onde há um acúmulo. E aí o governo do Acre não tem outra alternativa a não ser fazer com que eles vão coletivamente para outros estados. Se tivesse chegado de forma mais regular, controlada, não haveria problema nenhum - afirmou Cardozo.
Aos jornalistas, Cardozo relatou os principais pontos discutidos no evento com os representantes do Mercosul. Confira:
"Integração"
Foram assinados vários protocolos como o enfrentamento da violência na América do Sul. O ministro informou que será feito um plano nacional para diminuir o número de homicídios e também planos regionais de combate à violência. Ele também destacou que o Brasil seguirá ações feitas por exemplo pelo Equador, que conseguiu reduzir a criminalidade.
O Brasil sugeriu ainda a permanência de representantes das polícias de países da UNASUL (União de Nações Sul-Americanas) num centro integrado de comando e controle, em Brasília, em busca de ações mais concretas de integração e sem prejuízo à Interpol.
"Dia do desarmamento"
O ministro voltou a destacar a necessidade de desarmamento no país, propondo o envolvimento de personalidades internacionais como religiosos, artistas e jogadores num 'dia mundial de desarmamento'.
"Santa Catarina"
Cardozo destacou a necessidade de ações de fronteira, a troca de informações entre as polícias e ações imediatas contra a entrada de armas e drogas.