A força-tarefa do Ministério Público Federal terá ajuda de autoridades dos Estados Unidos - onde está a mais estruturada e eficiente rede de combate à corrupção do mundo - para tentar desmontar a engrenagem usada pela Construtora Norberto Odebrecht para supostos pagamentos de propinas no esquema de desvios que atuou na Petrobras. O sistema teria usado empresas offshore em nome de terceiros e contas secretas no exterior.
A empreiteira é um dos alvos da 14ª fase da Operação Lava-Jato, batizada de Erga Omnes, que prendeu na sexta-feira o presidente do grupo, Marcelo Odebrecht, e o da Andrade Gutierrez, Otávio Marques Azevedo, além de dez executivos das duas companhias.
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Órgãos de investigação dos Estados Unidos atuarão, a pedido dos nove procuradores da República da Lava-Jato, na triagem de depósitos de propina feitos em contas do ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa. Primeiro delator da operação, ele devolveu US$ 23 milhões apreendidos na Suíça e que são uma das provas materiais do Ministério Público de que a Odebrecht estaria envolvida no esquema. Em setembro, Costa confessou que o dinheiro era propina paga pela empreiteira, que nega a acusação.
Apontado como operador de propinas da Odebrecht, o doleiro Bernardo Freiburghaus está na lista vermelha de procurados da Interpol e é tratado como figura central para as investigações da Lava Jato em parceria com os EUA.
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Por meio de um novo pedido de cooperação internacional, a força-tarefa requisitará a autoridades norte-americanas a ampliação do rastreio de dados bancários, agora envolvendo o suposto operador de propinas da Odebrecht, referentes a transações bancárias que passaram pelos Estados Unidos. Um pedido anterior mirava os depósitos recebidos por Costa.
Uma offshore aberta no Panamá em 2006, a Constructora Internacional Del Sur, e contas indicadas por Costa que seriam dele, mas controladas por Freiburghaus, são o ponto de partida para essa apuração em cooperação com os Estados Unidos.
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Documentos em poder da Lava-Jato indicam que a Constructora Del Sur foi a origem de pelo menos cinco depósitos feitos em contas secretas do ex-diretor operadas por Freiburghaus, em nome das offshores Sygnus Assets S.A., Quinus Services S.A. e Sagor Holding S.A.
Outro delator, o ex-gerente de Engenharia da Petrobras Pedro Barusco, também apontou a Del Sur como origem de suposta propina paga pela Odebrecht. Documentos obtidos em outro acordo de cooperação internacional, com Mônaco, revelaram depósitos provenientes de conta da Del Sur mantida no Credicorp Bank S.A destinados a uma conta no Banco Julius Baer que seria do ex-diretor de Serviços Renato Duque, preso desde março.
O Ministério Público brasileiro espera que a eventual prisão de Freiburghaus traga novas informações sobre as propinas pagas no esquema de desvios na Petrobras e obter provas materiais contra a Odebrecht e seus executivos.
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* Estadão Conteúdo