Mais uma autoridade da área de segurança pública se envolveu em polêmica por causa de declarações. Desta vez é o chefe da Polícia Civil, delegado Guilherme Wondracek. Em entrevista ao programa Gaúcha Atualidade, da Rádio Gaúcha, na segunda-feira, ele desabafou:
- Do jeito que vai, nós vamos em breve... efetivamente não sair mais de casa. Eu evito sair de casa à noite e parar na rua - relatou o chefe de Polícia ao se referir a sensação de insegurança ao estacionar os veículos à noite na rua.
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Wondracek falava sobre o retrabalho policial com a prisão dos mesmos criminosos que acabam sendo soltos e confirmou que evita sair de casa à noite, especialmente quando acompanhado da família. Segundo ele, esta é uma realidade não apenas de Porto Alegre, mas de todo o país, devido aos assaltos.
A observação do delegado veio após a 20ª prisão do líder de uma das maiores quadrilhas de roubos de veículos do Rio Grande do Sul, Jocemar Takeuchi Navarro, o Japonês. Ele foi capturado no fim de semana em Sapucaia do Sul. Wondracek se disse frustrado pelo fato de o quadrilheiro ter sido preso e solto tantas vezes e comentou que isso gera sensação de impunidade aos bandidos, em todo o Brasil.
- Para os agentes, a pergunta é a mesma: quando ele (Japonês) vai ser solto mais uma vez? Nas escutas telefônicas aparecem os presos falando, sempre um chavão: 'Não dá nada, se der, dá bem pouquinho' - destacou Wondracek.
O chefe de Polícia acredita que, desta vez, o bandido vai ficar preso por mais tempo, pelo fato de ter sido prisão preventiva e contar crimes mais graves, como extorsão.
Ouça a entrevista completa:
A declaração de Wondracek resultou em controvérsia entre ouvintes da rádio e leitores de Zero Hora, já que surge semanas após outra frase polêmica de uma autoridade da segurança pública. Foi em 6 de junho que o tenente-coronel Francisco Vieira, comandante do 9º Batalhão de Polícia Militar (área central de Porto Alegre), ironizou o pedido de ajuda por parte de pessoas que frequentavam uma festa noturna no Parque da Redenção, a Serenata Iluminada.
- Quem frequenta esse tipo de evento não quer BM perto. Agora aguentem! Que chamem o Batman! Ou o super-homem - declarou Vieira, em um grupo de WhatsApp.
A frase foi encarada como deboche pelos frequentadores e bombardeada nas redes sociais.
Um dos maiores conhecedores do tema no Rio Grande do Sul, o consultor em segurança privada e patrimonial Gustavo Caleffi, não estranha as declarações de Wondracek e diz que a sinceridade do delegado é melhor que propagar "uma falsa sensação de segurança". O especialista considera que o policial falou de uma realidade que atinge a todos, inclusive os que circulam armados por força da profissão, como Caleffi.
- Eu também evito sair à noite e tenho toda uma estratégia para circular, estacionar. De dia ou de noite, porque não existe mais hora segura. E se engana quem pensa que a maioria dos roubos de carro acontece na madrugada. São só 7%. O maior percentual, quase metade, ocorre das 18h às 24h, quando a população está saindo do trabalho ou chegando em casa - comenta Caleffi.
*Zero Hora