Uma obra de arte esculpida por Filadelfo Simi em mármore de Carrara, mas que parecia um bloco preto desgastado pelo tempo e por pichações, foi reinaugurada na tarde desta terça-feira em Porto Alegre. O monumento em homenagem a Giuseppe e Anita Garibaldi, localizado na praça que leva o nome do herói italiano, na Cidade Baixa, foi devolvido à cidade com apelos contra o vandalismo. A estátua foi encomendada em 1908 em Florença e instalada na Capital em 1913.
- Essa história significa muito para nós. O Garibaldi era um homem do mundo e comemoramos essa amizade e colaboração com o Brasil, que começou naquela época. É uma lástima que as esculturas e obras de arte sejam vandalizadas. Temos que proteger e explicar aos jovens a importância das obras de arte para a cultura. É um grande desafio - diz o embaixador da Itália no Brasil, Raffaele Trombeta.
A reinauguração marca os 140 anos da imigração italiana no país, que é comemorada na quarta-feira, dia 20 de maio. Além das pichações, o monumento sofreu a ação climática natural de uma obra exposta. Uma segunda etapa de restauração ocorrerá para recuperar partes danificadas.
- Era uma imagem praticamente preta. Com toda sujeira, ficava difícil identificar seus problemas, como um dedo quebrado. Foi feita uma limpeza minuciosa. As pessoas não imaginam a dificuldade de remover uma pichação, ainda mais aplicada numa pedra porosa - explica o coordenador da memória cultura da Secretaria Municipal da Cultura, Luiz Antônio Custódio.
Restauradora defende cercamento da Redenção
Responsável por coordenar o trabalho de recuperação da obra de Anita e Giuseppe Garibaldi, a arquiteta Verônica Di Benedetti também trabalhou na restauração de 12 monumentos no Parque da Redenção. Com 20 anos de experiência no assunto, ela defende o cercamento do local como ponto de partida para diminuir o vandalismo:
- Não existe uma ação isolada para resolver o problema. O cercamento é uma, e eu apoio, além de iluminação e policiamento maiores. Eu trabalhei ali e vi a realidade do cotidiano da Redenção. Quem frequenta nos finais de semana não entende, é algo muito sério. Não que a cerca vá impedir, mas é um dos passos dessa ação conjunta, que tem de acontecer - defende a arquiteta.