Aos 16 anos, o universitário Jean Carlos Morales, itaquiense que hoje mora em Santa Maria, teve contato pela primeira vez com Madame Satã. Foi no longa-metragem homônimo, que estreou em 2002, estrelado por Lázaro Ramos e dirigido por Karim Aïnouz.
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- Fiquei chocado quando vi a história com o Lázaro Ramos. Achei um filme muito agressivo - conta Jean Carlos.
Mas foi quando estava no 5º semestre do curso de Artes Cênicas da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), que a história ressurgiu na cabeça de Jean. E quando precisou criar um monólogo, dentro de uma das disciplinas do curso, foi a essa história a que recorreu como inspiração:
- Para fazer a montagem, escolhi temáticas como a homossexualidade, o povo do subúrbio, a religião afro. E, dentro disso, lembrei da história. Uma amiga trouxe duas versões de Madama Satã de São Paulo. E fui fazendo mais pesquisas para criar a montagem.
O espetáculo é livremente inspirado na biografia de João Francisco dos Santos Sant'Anna, mais conhecido como Madame Satã, ou o Mito Carioca. O protagonista foi um homem que viveu no final do século XIX na Lapa, e era reconhecido por múltiplas facetas: analfabeto, negro, homossexual, transformista, candomblecista e também assassino.
Para montar o espetáculo - um monólogo dirigido e encenado pelo próprio acadêmico - Jean também pesquisou sobre a história em jornais, como O Pasquim, e ainda buscou textos do autor Plínio Marcos, que em suas obras escreve sobre subúrbio e o mundo à margem da sociedade. Mas não é só sobre isso que fala a montagem. Jean aproveitou o momento para tratar, também, de alguns temas paralelos à história e com os quais se identifica.
- O espetáculo também tem vivências minhas, porque fui criado em uma escola de samba. Fala sobre problemáticas religiosas, sobre o Carnaval, sobre essa multiplicidade de facetas do personagem. E tem coisas particulares que quero dizer para o público. Aproveito e uso minha voz enquanto artista, para poder revelar coisas ao mundo através de Madame Satã - explica.
O espetáculo também tem um jogo de improvisação e interação com o público, com rodas de samba e música durante a apresentação. Inclusive, a banda que toca no espetáculo é composta por cinco acadêmicos do curso de Música - Bacharelado, e de Teatro - Licenciatura da UFSM.
A data escolhida para a estreia do espetáculo no Theatro Treze de Maio também foi pensada: hoje é a véspera da data marcada pela Abolição da Escravatura no Brasil, o dia 13 de maio.
Madame Satã - O Mito Carioca
Direção: Jean Carlos Morales
Texto: Livremente inspirado na biografia de João Francisco dos Santos Sant'Anna
Com: Jean Carlos Morales
Quando: nesta terça-feira, às 20h (duração de 50min, classificação: 18 anos)
Onde: Theatro Treze de Maio (Praça Saldanha Marinho, s/nº). Fone: (55) 3028-0909
Quanto: R$ 16 (público geral) e R$ 8 (estudantes e idosos)