O doleiro Alberto Youssef - peça central da Operação Lava-Jato - pagou móveis, gado, cadeira de rodas e até um helicóptero para o ex-deputado federal Luiz Argôlo (ex-PP, hoje afastado do SD-BA) com dinheiro do esquema de corrupção na Petrobras, alvo da Operação Lava-Jato.
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Denúncia criminal do Ministério Público Federal, de quinta-feira, em Curitiba, mostra que o ex-parlamentar chegou a usar verba do Congresso para pagar viagens em que foi buscar propina - um total de R$ 1 milhão.
Ao anunciar a denúncia contra o ex-deputado, preso desde abril pela Lava-Jato, o procurador da República Paulo Roberto Galvão listou os bens adquiridos por Argôlo a partir de sua relação especial com o doleiro.
- O Youssef paga móveis para a casa do Argôlo, comprados em nome da esposa; paga gado para o Argôlo, bezerros, e paga ainda o fretamento desse gado; o Youssef paga cadeira de rodas em nome do pai do Luiz Argôlo que seriam disponibilizadas no interior da Bahia; o Youssef faz depósito em conta de assessor parlamentar do Luiz Argôlo e o Youssef faz também entrega de dinheiro para o Luiz Argôlo.
Segundo o procurador, "Luiz Argôlo passou a ser quase sócio nos negócios ilícitos e a ter favorecimentos nos repasses do PP." O ex-deputado foi denunciado pela prática de 10 atos de corrupção e 93 atos de peculato. Ele é um dos quatro ex-parlamentares que integram o primeiro pacote de denúncias contra o núcleo político da Lava-Jato. No esquema, PT, PMDB e PP arrecadava de 1% a 5% em contratos da Petrobras, por meio de um cartel de 16 empreiteiras.
- Esse dinheiro que o Youssef usava para passar para o Argôlo vinha do esquema da Petrobras, do cartel. Mas o Youssef usava do seu próprio dinheiro para fazer esses repasses - explicou o procurador.
Segundo sustenta a força-tarefa da Lava Jato, o doleiro tinha interesses eleitorais em sua relação com Argôlo.
- Ele (ex-deputado) também recebia porque o Youssef tinha interesse especial na carreira do legislador, ele fala isso expressamente - afirmou Paulo Galvão.
O Ministério Público Federal acusa formalmente Argôlo de usar verba parlamentar para ir até o escritório de Youssef para recebimento de propina. Segundo a Procuradoria da República Argôlo visitou 78 vezes o doleiro Alberto Youssef. Pelo menos 40 viagens de Argôlo foram bancadas com recursos públicos da Câmara dos Deputados.
O doleiro também teria assumido a compra de um helicóptero, que foi deixado à disposição do ex-deputado.
- O que apuramos é que o Argôlo deu início à compra de um helicóptero, a gente não sabe como ele pagou a entrada, posteriormente ele ficou sem dinheiro e o Youssef vai lá e compra o helicóptero, mas deixou na mão do Argôlo por um longo período.
Por conta desse negócio, foram R$ 520 mil incluídos na lista de corrupção envolvendo Youssef e Argôlo. Ao todo, o Ministério Público Federal pediu o ressarcimento de R$ 1,6 bilhão aos acusados no processo envolvendo o ex-deputado do PP, hoje no SD.
Os fatos que marcaram a operação:
Abaixo, veja o que já ocorreu durante as investigações: