O número de meninas para as quais Claudia Souza Malta Costa, 15 anos, dá aulas de balé, aumentou de 50 para 67 em cinco meses. Os desafios de tentar sincronizar tantos passinhos frente aos obstáculos também são maiores.
Adolescente de 14 anos dá aulas de balé para 50 meninas em Alvorada
A persistência em manter as aulas a cada sábado no ginásio da Escola Estadual Maurício Sirotsky Sobrinho, no Bairro Maria Regina, em Alvorada, só se contrapõe às dificuldades cada vez maiores para tocar o projeto.
Veja vídeo de uma aula de balé da profe Clau
Neste ano, ela ainda não recebeu os R$ 40 por aula via Escola Aberta - ação do governo federal que incentiva a abertura no final de semana de escolas públicas em territórios de vulnerabilidade social.
Tema de reportagem do DG em novembro do ano passado, o projeto existe há quase três anos e envolve meninas de três a 14 anos que veem no balé uma possibilidade de cultivar novos sonhos.
- Não pensei em desistir porque elas não iam entender a falta de recursos. Não dá para dizer não para elas. A minha parte, estou fazendo. Se a gente quer mudar nossa realidade, temos que dar o primeiro passo - diz ela, que também é aluna da Escola Maurício Sirotsky Sobrinho.
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Faltam figurinos para as meninas ensaiarem
O recurso pago pelo governo federal era usado por Clau, como é chamada pelas alunas, para bancar suas aulas de balé em uma escola profissional de Alvorada. Sem esta alternativa, passou a tentar dividir a mensalidade com os parentes.
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Além da falta do dinheiro, também há o desafio de conseguir sapatilhas, meias-calças e malhas para todas as meninas.
Segundo a diretora da escola, Rosângela dos Santos Melo, para arrecadar recursos para compra do figurino o grupo está organizando um chá beneficente, em 30 de maio. Doces e salgados serão feitos pelas mães da meninas para que o valor arrecadado seja usado exclusivamente na compra das roupas.
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Balé também é cidadania
Todas as alunas que participam do balé precisam prestar contas das notas da escola a cada trimestre. Só continuam no projeto aquelas que vão bem na escola e não faltam às aulas.
Também perdem a vaga aquelas que deixam de comparecer ao balé por mais de quatro vezes. Há três anos na turminha, Marina do Nascimento Krupp, sete anos, perdeu a timidez em sala de aula e ganhou postura, segundo a mãe, a dona de casa Dione, 48 anos.
- Me sinto bem dançando - garante a menina.
Dinheiro para Clau ainda não veio
O Escola Aberta é uma das ações do Mais Educação, criado pelo Ministério da Educação (Mec) para a melhoria da qualidade da educação básica do País. A verba do Mais Educação é usada para bancar gastos com monitores, alimentação e materiais. O Ministério da Educação nega qualquer atraso no repasse do recurso. De acordo com o Mec, os recursos são repassados para garantir o desenvolvimento das atividades por dez meses. O primeiro lote foi pago em julho de 2014 e o "fluxo de pagamentos da segunda parcela deve observar a disponibilidade orçamentária e financeira" do orçamento de 2015.
Para ajudar
Vídeos, fotos e informações sobre o projeto da profe Clau podem ser encontradas no Facebook na página Balé é Vida. Interessados em fazer doações podem entrar em contato com pelo telefone 3443 4822.
Marina, sete anos, perdeu a timidez em sala de aula graças ao balé
Foto: Adriana Franciosi/Agência RBS
Foto: Adriana Franciosi/Agência RBS