Um levantamento da Associação Gaúcha de Supermercados (Agas) comprova em números aquilo que o consumidor já percebeu na prática: nos últimos 30 dias, o preço médio do leite longa vida subiu 13,1%, saltando de R$ 1,93 para R$ 2,23 o litro.
Tradicionalmente, a produção de leite baixa nos meses de março, abril e maio, forçando a valorização do produto. Este ano, porém, os aumentos da gasolina e da tarifa de energia elétrica ajudaram a impulsar a elevação.
Segundo o presidente do Sindicato da Indústria de Laticínios e Produtos Derivados do Estado do Rio Grande do Sul (SindiLat), Alexandre Guerra, tanto a indústria quanto o produtor estavam trabalhando sem margem de lucro desde o final do ano passado, quando o preço caiu. Agora, ele afirma, é o momento de recuperação.
Preço tende a continuar alto
- A indústria precisa que os preços se mantenham nesse patamar nos próximos meses para se reerguer. Houve aumento dos custos para toda cadeia leiteira, desde o produtor, que depende do transporte, até a energia elétrica, para o resfriamento na indústria - explica.
Novos reajustes no preço, segundo ele, dependerão da lei da oferta e da procura.
Para quem compra em grande quantidade, o aumento pesa ainda mais. Na creche conveniada a prefeitura João Paulo II, no Bairro Farrapos, cada uma das 80 crianças toma cerca de um litro por dia. Sem contar as quantias que são usadas para fazer bolo, pão, bolacha e pratos salgados. Em apenas poucos casos é possível substituir, no lanche, o leite por suco.
Foto: Diego Vara / Agência RBS
Esforços pelo desperdício zero
O mesmo dilema enfrenta a Creche Comunitária Sonho Meu, localizada na Vila Tronco. Com as doações insuficientes de leite de pó da prefeitura e do programa Mesa Brasil, é necessário comprar de dez a 12 caixas (com 12 litros cada) de leite por mês. De acordo com a tesoureira da escola, Silvana Melo, apenas o berçário consume seis litros por dia. Das quatro refeições ofertadas aos 50 alunos, o leite está presente em três.
- Já sentimos esse aumento e tentamos amortecer evitando ao máximo o desperdício, servindo a quantidade certinha para cada um O leite é insubstituível para as crianças, nenhuma delas nega - afirma Silvana.
Para a funcionária, este é mais um aumento que se soma ao preço já salgado de carnes, frutas e verduras. Na creche conveniada Madre Brígida Pastrorino, localizada no Bairro Santa Tereza, têm sido feito pesquisas de preços de outras marcas de leite e campanhas em busca de doações.
- Estamos sentindo esse aumento desde o início do mês. Pesquisamos as marcas mais baratas, mas, mesmo assim, não há muita diferença de preço. Para nós, é algo que pesa muito, porque raramente as crianças tomam suco - afirma a irmã Adriana Côrrea.